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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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zações negras passaram a rejeitar o 13 de Maio. Entretanto, adata continuou importante para irmandades religiosas, cultos afrobrasileirose comunidades quilombolas, dentre outros grupos. Acelebração continuava (e continua em muitos lugares) importante,sobretudo para as gerações mais velhas. Para estes o 13 deMaio é o momento de celebrar a efetiva participação dos negrosno desmonte da escravidão.Quando em 1985 o governo federal anunciou que pretendiaorganizar uma série de palestras, exposições de arte, shows e outroseventos para celebrar o centenário da Abolição, as entidadesdo movimento negro incitaram um debate que envolveu intelectuais,líderes religiosos, carnavalescos, políticos e jornalistas emtorno dos propósitos daquela celebração. Militantes negros de todoo Brasil se posicionaram contra qualquer tipo de evento pelo 13de Maio. Sob pressão, a prefeitura de Salvador e o governo doestado da Bahia desistiram das atividades já planejadas para o centenário.Para marcar o protesto, as entidades negras organizaramem Salvador, no dia 12 de maio, uma passeata chamada de “CemAnos Sem Abolição”, e nessa ocasião um retrato da princesa Isabelfoi queimado.Um evento do mesmo tipo foi organizado no Rio de Janeiro.Aqui as autoridades puseram 750 policiais nas ruas para evitarque a passeata passasse em frente a um monumento em homenagema Duque de Caxias. No confronto com a polícia dois líderessindicais foram presos e representantes de entidades negras foramimpedidos de se pronunciar durante a manifestação. Esseepisódio teve grande repercussão na imprensa e contribuiu paraum questionamento mais radical sobre o mito da democracia racialbrasileira.Depois do centenário da Abolição, diversos grupos do movimentonegro passaram a incorporar o 13 de Maio ao calendáriodas discussões sobre racismo no Brasil. Já o 20 de Novembro,data da morte de Zumbi de Palmares, foi instituído como DiaNacional da Consciência Negra. O uso enfático do termo negro,em detrimento das palavras mestiço ou mulato, nos muitos eventosrelativos àquele centenário foi um indicativo doredimensionamento da questão racial no Brasil. A exaltação da296 Uma história do negro no Brasil

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