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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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competiam pelas mercadorias européias. Entre os compradores,a concorrência não era menos acirrada. Nos portos da Costa dosEscravos, ingleses, holandeses, franceses, portugueses e brasileirosabarrotavam os navios de gente destinada a ser “exportada”para as Américas. De fato, nenhuma grande nação européia ficoufora deste que era o negócio internacional mais rentável da época.Os africanos escravizados, moradores de pequenas aldeias cadavez mais distantes do litoral, eram vítimas de assaltos e guerras.Presas pelo pescoço umas às outras, essas pessoas eram levadaspara os mercados onde aguardavam os compradores, às vezespor meses. Eram então trocadas, no século XVIII, principalmentepelo fumo de rolo produzido na Bahia, produto muito procuradonaquela região e que garantia a primazia dos brasileiros.Mas o sucesso comercial não impediu que o reino iorubá corresserisco. Com a expansão do reino vizinho, o Daomé, vários territóriossubordinados a Oió passaram a ser saqueados e a ter os seushabitantes escravizados. Desse modo, de implacáveis caçadoresde escravos, os iorubás foram transformados eles mesmos em cativos,principalmente a partir do final do século XVIII.O reino do Daomé foi fortemente centralizado e se desenvolveua partir de 1700 com o próprio tráfico atlântico. Como eraimprescindível a um reino tão intimamente dependente do comérciode escravos, ali se concentrava um poderoso exército armadode mosquetes, encarregado de ampliar as fronteiras e capturarescravos, inclusive, no final do século XVIII, entre as populaçõessob o domínio do reino de Oió. O tráfico era tão fundamentalpara o reino de Daomé que em 1750, 1795 e 1805 foram enviadosembaixadores daomeanos à Bahia com a incumbência defirmar acordos de monopólio comercial para o envio de cativos.Como veremos no próximo capítulo, os negócios entre as elitesdo Daomé e os proprietários baianos garantiram a regularidadedo tráfico de escravos para o Brasil. Nesta mesma época, os portuguesesjá negociavam com os povos da África centro–ocidental,e com eles estabeleceram vínculos políticos e religiosos mais estreitose negócios bem lucrativos, como veremos a seguir.28 Uma história do negro no Brasil

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