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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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go do Tanque, Itapoã e Pelourinho. Entre os mais conhecidosestavam o Olodum, o Muzenza e o Malê Debalê. A atestar a influênciada música jamaicana, um novo ritmo denominado sambareggaefoi inventado. Mas as atividades dos blocos negros não selimitavam aos dias de Carnaval, pois os ensaios e eventos culturaise políticos diversos movimentavam seus integrantes e simpatizantesao longo do ano. Muitos desses blocos continuam ativos hoje,tendo se desdobrado em instituições fortemente voltadas para aeducação tanto convencional como artística, além, é claro, demarcarem sua presença anualmente no Carnaval.Nos anos setenta chegavam também aos bairros popularesinformações sobre a movimentação política dos negros em outraspartes do mundo. Os afro-brasileiros acompanharam os movimentosdos direitos civis e o Black Power nos Estados Unidos.Ainda que de forma fragmentada, as idéias de Angela Davis,Malcolm X e Martin Luther King em defesa de direitos e oportunidadesiguais para os negros norte-americanos repercutiram entremilitantes e intelectuais negros em todo Brasil.Os brasileiros também se informavam pelo noticiário da televisãosobre os movimentos de libertação nacional em países da África.As guerras contra o colonialismo português que levaram à independênciade Angola e Moçambique em meados dos anos setenta tiveramgrande repercussão no Brasil. Os afro-brasileiros perceberamque tanto nas Américas como na África os negros enfrentavam aopressão racial. Nesse sentido, também era acompanhado com grandeinteresse no Brasil o movimento dos negros da África do Sul contrao apartheid, uma das formas de racismo mais cruéis, barbaramenteinstalado no próprio continente africano. Essas lutas africanas produziramlideranças que se tornaram referências ideológicas e políticaspara a militância negra brasileira, nomes como Agostinho Neto, deAngola, Nelson Mandela, da África do Sul, e Samora Machel, deMoçambique. A vitória dos movimentos liderados por eles estimulavaos negros brasileiros na sua própria luta contra o racismo. Poucosmilitantes brasileiros, todavia, chegaram a pensar em pegar em armascomo tinham feito muitos desses africanos.Foi também na década de 1970 que os militantes negrospassaram a conceber uma melhor articulação de suas ações numaUma história do negro no Brasil 287

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