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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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Em 1932, a legitimidade do governo Vargas foi contestadapela revolução constitucionalista de São Paulo. Em meio ao conflitoarmado entre os paulistas e o governo federal, a FNB tentouse manter isenta, mesmo porque, como já assinalamos, simpatizantese adversários de Vargas tinham abrigo na organização. Entretanto,militantes como Joaquim Guaraná de Santana se afastaramda Frente e do governo central para organizar a Legião Negrade São Paulo, composta por cerca de dois mil negros dispostos aenfrentar as forças federais em nome da “pátria paulista”. A Legião,também conhecida por Pérolas Negras, se juntou aos batalhõesde estudantes, operários, ferroviários, portugueses, alemães,espanhóis, e até mesmo índios, por considerar que a “causapaulista” também dizia respeito aos negros.Envolvida com a “causa paulista”, mas também empenhadaem fortalecer uma identidade própria, a Legião Negra escolheupara nomear os seus batalhões personagens negros e mestiçosimportantes da história do Brasil, como o conselheiro AntônioPereira Rebouças (que apresentamos no capítulo VI) e HenriqueDias, o herói negro das lutas contra a ocupação holandesa do Brasil.De fato, a Legião parecia vislumbrar naquela crise política umapossibilidade de fazer valer o poder de São Paulo no cenário nacionale, ao mesmo tempo, assegurar a cidadania negra. Vitor Ferreira,militante da Legião, conclamava os “homens de cor” enfatizandoque a revolução era um passo importante rumo a “uma pátria livrede todas as formas de opressão”. Isto quer dizer que, para essespartidários de São Paulo, a revolução de 32 era mais um episódioinscrito na história de luta do povo negro.Outras razões também justificavam a participação negra.Uma delas foi a oportunidade que uma gente desempregada e semrecursos vislumbrou de ganhar alguma remuneração, enquantoestivesse lutando. Mesmo as mulheres negras procuraram ocupaçãocomo enfermeiras, costureiras, cozinheiras e até soldados. Como alistamento lhes eram assegurados salário, alimentação e assistênciamédica, tudo custeado por doações de particulares, eventosbeneficentes e, certamente, verbas públicas. Ironicamente, ir àguerra se tornou uma maneira de garantir a sobrevivência, assimcomo se viu na guerra do Paraguai.270 Uma história do negro no Brasil

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