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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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Por falarem variações do mesmo idioma, adorarem aalguns deuses em comum, compartilharem a mesmaorigem mítica e ocuparem o mesmo território (entre osudoeste da Nigéria e o sudeste da república de Benim)vários reinos, a exemplo de Queto, Egba, Oió e Ijexá,passaram a ser denominados pelos missionários europeusde iorubás. Até o século XIX, o termo só se referiaao povo de Oió. Oió subjugou vários outros reinosiorubanos, além de vizinhos como o Daomé, Nupe eBorgu. O poderoso reino de Oió entrou em colapso apartir do final do século XVIII, devido a conflitos internose externos. A sua capital foi parcialmente destruídae abandonada por volta de 1830.desse reino foi acelerada com a sua incorporação ao comércionegreiro nos séculos XVI e XVII.No Benim o controle comercial era do rei que comprava evendia sal, peixe seco, noz de cola, couros, tecidos e cobre. Cientes deque o monopólio sobre o comércio garantia ao rei do Benim umaconsiderável força política, os portugueses tentaram convertê-lo aocatolicismo. Era uma forma de aproximar aquele reino africano dolusitano. Mas, ao rei do Benim não interessava ter compromissos exclusivamentecom Portugal, já que outros europeus também cobiçavamintegrar-se ao esquema comercial do lugar. Franceses, ingleses eholandeses também lhes propuseram acordos mercantis. A atitudedo rei do Benim deixa claro que os termos desses acordos comerciaisnão dependiam apenas da habilidade dos europeus, também estavama mercê dos interesses dos diferentes povos africanos.Por isso, não se pode entender a prosperidade do tráfico deescravos sem levar em consideração a combinação de interesses entreeuropeus e africanos. É bem verdade que as nações européias tentarammanter o controle sobre as regiões produtoras de escravos, mas otráfico africano era um negócio complexo e envolvia a participação ecooperação de uma cadeia extensa de participantes especializados,que incluía chefes políticos, grandes e pequenos comerciantes africanos.Há estimativas de que 75 por cento das pessoas vendidas nasAméricas foram vítimas de guerras entre povos africanos.A avidez por escravos reorganizou de tal maneira o mapapolítico africano que alguns reinos experimentaram o apogeu nosséculos XVII e XVIII graças ao tráfico negreiro. Foi o caso dosreinos de Daomé, Sadra, Achanti e Oió. Até o século XVI, Oióera apenas uma cidade-estado iorubana que tinha na agricultura ena tecelagem as suas principais atividades. Dedicava-se especialmenteà fabricação de tecidos, os famosos panos-da-costa queviriam a ser tão apreciados pelos negros na Bahia. Mas as atividadesagrícolas e artesanais perderam importância diante do tráfico.No final do século XVI, as cidades iorubanas participavam tãoativamente desse comércio que a região do golfo de Benim passoua ser conhecida como Costa dos Escravos.Formou-se ali um mercado bastante competitivo. Entre osvendedores de escravos, principalmente os iorubás e daomeanos26 Uma história do negro no Brasil

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