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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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capital paraense, através dos jornais denunciava-se o territóriodos capoeiras: o Ver-o-Peso, um mercado público na área portuáriada cidade, e o largo de Santana, onde estavam as principaiscasas de jogos, as ricas pensões e os clubes de dança.O Pará viveu na Primeira República uma época de prosperidadegraças aos lucros com a exportação da borracha da Amazônia.Pelo porto de Belém eram embarcadas para a Europa e osEstados Unidos grandes quantidades de látex, e desembarcadosprodutos europeus como tecidos, jóias, livros e máquinas agrícolas.Era justamente nessa zona portuária de grande circulação depessoas e riquezas que a capoeiragam era praticada a qualquer horado dia e da noite. É certo que ao se exibirem em locais tão movimentadoseles contavam com a conivência, ou pelo menos com atolerância da polícia. Principalmente se entre os praticantes houvessecapangas de políticos importantes, que geralmente ficavamimpunes apesar das infrações que cometiam. Isso demonstra quea repressão dependia das circunstâncias e conveniências.O êxito da economia paraense atraiu para a região amazônica,entre 1890 e 1910, trabalhadores nordestinos e imigrantes europeus,principalmente portugueses. A interação entre esses trabalhadoreslevou à incorporação pela capoeira paraense de armaspróprias às lutas portuguesas, assim como golpes e hábitos doscapoeiristas baianos, cearenses e pernambucanos. No Rio de Janeiro,essa convivência entre negros, imigrantes pobres e migrantesde diversas regiões do país nas ocupações braçais, principalmentena estiva, ampliou, ainda mais, os tipos sociais que praticavam capoeira.Entre os praticantes estavam portugueses, espanhóis e italianosque trabalhavam no porto, operários nordestinos, soldados,brasileiros brancos e pobres. Não eram apenas os negros quepodiam ser facilmente identificados como capoeiras pelo andargingado, as calças de boca larga e a argolinha de ouro na orelha,sinais de valentia.Por outro lado, a rivalidade entre os grupos de capoeiras,também chamados de maltas, como os nagoas e guaiamus no Riode Janeiro, expunham as distinções e disputas que pontuavam ocotidiano da população negra. As cores das roupas, fitas, chapéus,tipos de assobios eram sinais que os distinguiam. Se as autorida-246 Uma história do negro no Brasil

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