19.08.2015 Views

UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Mali e SongaiNo século XVI dois grandiosos impérios rivalizavam noNorte da África ocidental, Mali e o Songai. O impérioMali reunia, já no século XIII, vários povos que deviamobediência e tributos ao mansa, também conhecidocomo makinke (senhor da terra e da chuva) dos mandingas.O domínio mali se estendia do deserto à savanaafricana, e do litoral atlântico ao interior do continenteo que lhe garantia controlar a extração de ouro e osportos caravaneiros. Com a decadência do império Malidos mandingas, o Songai foi se estruturando como oúltimo grande Estado mercantil do Sudão ocidental.Assim como os mandingas, os songais consolidaramseu poder estreitando os vínculos com o centro religiosomuçulmano, Meca. A estrutura administrativa do reinode Songai era bastante complexa: o território eradividido em quatro vice-reinos, havia um sistema regularde arrecadação de impostos, prevalecia o sistemade pesos e medidas árabe e um exército que chegou acontar com cerca de cinqüenta mil escravos. O sucessodo comércio dos portugueses no litoral contribuiupara a decadência do império songai, mais voltado parao comércio transaariano.Já sabemos que o comércio de escravos na África existiaantes da chegada dos europeus. Ali mesmo nas proximidades dorio Senegal, os reis jalofos há muito participavam do comérciotransaariano fornecendo escravos, ouro, malagueta, plumas e pelesde animais. Mas então as coisas mudaram de rumo. O embarquedos cativos, naquele barco assombrosamente grande, trouxeinquietação aos africanos. Havia, por exemplo, uma crença entreos africanos de que os europeus eram ferozes canibais, capazes dedevorar a carne negra e guardar o sangue para tingir tecidos oupreparar vinho.Desconfiados de que os europeus podiam prejudicar seusnegócios, nada lhes foi facilitado. Nenhum chefe político franqueou-lheso acesso às zonas auríferas no interior da África, nemos comerciantes os introduziram nas rotas transaarianas. Mas oseuropeus persistiram. Arguim foi escolhida para servir deentreposto comercial. Lá, construíram a primeira feitoria portuguesafortificada na África em 1445, para onde pretendiam desviaro comércio transaariano.A persistência portuguesa foi bem recompensada. Aos poucos,foram sendo vencidas desconfianças, combinados preçossatisfatórios, e foram crescendo os negócios com os africanos queviviam nas proximidades do rio Gâmbia, gente do poderoso Impériodo Mali. Tanto que, por volta de 1460, tinham com eles boasrelações comerciais. Mas o principal objetivo dos portugueses, queera se apropriar do comércio transaariano, ainda não havia sidoalcançado. Tão pouco tiveram acesso às minas de ouro, como sonhavam.A Costa do OuroAo longo dos séculos XVI e XVII, novas perspectivas de negóciossurgiram para os portugueses com o comércio de cabotagemrealizado entre portos não muito distantes, na região conhecidacomo Costa do Ouro. Para que mercadorias valiosas, como nozde cola (semente com propriedades medicinais, que mastigada refrescaa boca, reduz o cansaço, a fome e a sede), obtivessem bonspreços era preciso percorrer longas distâncias. Entre o produtor e22 Uma história do negro no Brasil

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!