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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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Em 1882, ocorreram outros levantes no Oeste paulista,como Araras, Amparo, São João da Boa Vista e Itatiba. O curtoespaço de tempo em que ocorreram e a proximidade das localidadeschamaram a atenção dos fazendeiros e das autoridadespoliciais da província. A sucessão de movimentos de escravosnas fazendas, desafiando a tranqüilidade pública, assustaram asautoridades policiais de várias cidades brasileiras. Aquelas rebeliõesmostraram que, além de reivindicarem direitos costumeirosde acesso à terra ou diminuição da jornada de trabalho, osescravos passaram a manifestar abertamente que desejavam o fimdo cativeiro. Isso fica claro nas palavras de ordem dos rebeldesde Campinas.A partir de 1887, diante das fugas de escravos e da radicalizaçãodo movimento abolicionista, os senhores começaram a por em práticaseu próprio plano de emancipação por meio da concessão emmassa de alforrias. O aumento da criminalidade escrava, as sublevaçõese as fugas mostraram que já não havia como manter o sistemaescravista. Com a concessão de alforrias coletivas, os senhores buscavampreservar algum domínio sobre os ex-escravos. Eles esperavamque, presos pela dívida de gratidão, os libertos permanecessemnas propriedades. Os jornais deram grande publicidade a esses atos“humanitários” no apagar das luzes do escravismo.No município de Cachoeiro do Itapemirim, província doEspírito Santo, a partir de março de 1888, os senhores passaram aencurtar o prazo das alforrias condicionais, assim como fazer algumasconcessões para que os escravos permanecessem em suasfazendas. A poucos dias da abolição, um fazendeiro da região declarouque libertara mais de cem escravos sem impor qualquercondição. Outros prometiam a liberdade depois da safra de 1888.Atos semelhantes se repetiram em diversas outras regiões do Brasil.Mas houve senhores que não abriram mão dos seus escravosaté o último dia da escravidão. Estes ainda apostavam na possibilidadede conseguir indenização pela perda da propriedade escravacaso o governo decretasse a abolição.O abolicionismo de última hora de muitos senhores nãopôde conter a disposição dos cativos de apressarem o fim da escravidão.Tanto que no início do ano de 1888, em vez de fugirem,Uma história do negro no Brasil 193

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