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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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tavam grandes chances de rompimento definitivo com os laçosescravistas.Os escravos fugiam também para os quilombos. Por voltade 1885, formou-se nas imediações de Campinas, província deSão Paulo, um quilombo que reunia mais de setenta pessoas. Muitosquilombos que surgiram na década de 1880 foram formadosem parceria com os abolicionistas. Nas imediações de Santos, oJabaquara foi o mais famoso deles. Liderado pelo ex-escravosergipano Quintino de Lacerda e pelo português Santos“Garrafão”, chegou a reunir cerca de 10 mil pessoas abrigadasem barracos de madeira cobertos de zinco.Depois de 1885, as fugas coletivas se sucederam em váriasregiões do país. Em muitas ocasiões, fugiam grupos de dez, vinteou mais escravos de uma mesma propriedade sem que os senhorespudessem impedi-los. Essas fugas coletivas são consideradas omaior movimento de desobediência civil da nossa história. Nosanos que antecederam a abolição, a polícia havia perdido o controlediante do volume de fugas e muitos policiais começaram a serecusar a perseguir escravos fugidos, ou por terem aderido ao abolicionismo,ou por temerem a reação popular nas ruas.Mas não era apenas com as fugas que os cativos enfraqueciama escravidão. No início da década de 1880, rumores de revoltasescravas surgiram em diversas cidades brasileiras. Em algumas regiões,levantes escravos efetivamente ocorreram. Em 31 de outubrode 1882, cento e vinte escravos da fazenda Cantagalo, emCampinas, na província de São Paulo, sublevaram-se e marcharamem direção à cidade. No caminho entoaram diversas palavras deordem, numa delas davam “Viva a liberdade”.No inquérito policial que apurou o movimento rebelde asautoridades perceberam que aquele acontecimento tinha grandeextensão, envolvendo escravos de outras propriedades. O escravoSevero, um dos envolvidos no levante, ao ser interrogado pelapolícia confessou que fazia parte de uma “sociedade secreta” soba direção de Felipe Santiago e José Furtado, este último escravo eo outro liberto. Severo disse ainda que eles costumavam se reunirem várias fazendas para tratar da “liberdade dos escravos.”192 Uma história do negro no Brasil

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