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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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grupo autodenominado Caifazes atuou durante toda a décadade 1880. Antonio Bento de Sousa e Castro, proveniente de umafamília abastada, advogado, promotor e juiz de direito, era o líderdo movimento, mas a maioria dos caifazes era formada portipógrafos, artesãos, pequenos comerciantes e ex-escravos.Reunidos na sede da irmandade negra de Nossa Senhora dosRemédios, os caifazes contavam com diversos colaboradores nacidade de Santos e São Paulo que recebiam e acomodavam emesconderijos os fugitivos. Os caifazes atuaram em várias cidadesdo oeste paulista, onde se concentrava a maior parte dos escravosda província. Um caifaz conhecido como Antônio Paciência notabilizou-sepor sua atuação no interior das fazendas de café, planejandoe organizando fugas junto aos escravos. Sabe-se que oscaifazes tinham ligação com os ferroviários, pois muitos cativoseram clandestinamente transportados em trens até Santos e SãoPaulo.Em 1886, a cidade portuária de Santos transformou-se no refúgiopreferido dos escravos que fugiam das fazendas de café do interiorpaulista. Muitos chegavam escondidos nos vagões dos trens. Asituação ficou tão crítica que, em novembro de 1886, o presidente daprovíncia enviou para ali uma força de vinte soldados para patrulharas ruas e capturar escravos fugitivos. Mas o trabalho da polícia foiimpossibilitado pela reação popular. Os escravos capturados eramresgatados e soltos pelo povo. A repetição desses acontecimentos fezcom que, em 1887, o Exército conseguisse da princesa regente a dispensado pesado e indigno encargo de capturar escravos.Além dos personagens já consagrados, o movimento abolicionistaera formado por muita gente do povo. Foram essas pessoasque estiveram à frente dos movimentos de rua, enfrentandoa polícia que perseguia escravos fugidos, distribuindo jornais, discutindonas tavernas. É o caso de João Pinto Ferreira, que ocultavaescravos em seu sítio em Barueri, São Paulo. Na Bahia, JorgeSaveirista, Ismael Ribeiro e Manoel Benício dos Passos tiveramparticipação marcante nas manifestações que agitaram a cidade deSalvador na última década da escravidão. São nomes que devemsair do anonimato e ser celebrados pelos brasileiros.190 Uma história do negro no Brasil

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