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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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edade. Por exemplo, em Fortaleza, na década de 1880, tipógrafosse negaram a imprimir panfletos que atacavam os abolicionistas.Escravos e abolicionismo popularEm fins da década de 1870, havia certo desencanto com os resultadosda Lei do Ventre Livre. Chegou-se à conclusão que seguindo asdeterminações da lei a escravidão não acabaria tão cedo no Brasil.Desde então, alguns abolicionistas partiram para ações mais ousadas,estimulando fugas ou dando esconderijo a escravos fugidos,impedindo a venda para outras províncias e criando inúmeras situaçõespara inviabilizar o trabalho cativo nas cidades. Em várias delasos abolicionistas formaram redes de ajuda a escravos fugidos,enviando-os para outras províncias ou os escondendo em locaisonde não poderiam ser facilmente localizados pela polícia.Sem dúvida, a agitação social que invadiu as ruas das cidadesnas décadas de 1870 e 1880 estava relacionada à emergência de umabolicionismo de feição popular comprometido em acelerar o fim daescravidão. Nessa época, as cidades brasileiras foram agitadas pelacrescente onda de indignação popular em relação aos castigos corporaise maus-tratos contra escravos. Em muitas ocasiões, as autoridadespoliciais foram acionadas pela população para agir contra senhoresque castigavam ou submetiam cativos a condições indignas.Naquela época, a gente pobre livre das cidades, grande partedela negra e mestiça, vinha se manifestando contra a venda e oembarque de escravos para outras províncias e enfrentando asforças policiais que perseguiam cativos fugidos. No dia 1 o de maiode 1877, em Salvador, populares impediram o embarque de umaescrava chamada Joana, que meses antes havia fugido do domíniode seu senhor, dono do engenho Pericoara, na vila de São Franciscodo Conde. Segundo o relatório da polícia, o embarque foiimpedido pelo “povo que se aglomerou em roda dela e que a protegia.”A escrava estava grávida e, sob pressão dos populares, apolícia a conduziu ao hospital da Santa Casa.Nos anos oitenta, o antiescravismo das camadas popularesUma história do negro no Brasil 187

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