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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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as e privilégios que separavam a minoria branca da imensa maioriados negros. Era isso que assustava a elite em vários locais doImpério. Assustava também a possibilidade de que uma coalizãoentre livres de cor negra, libertos e escravos pusesse fim à escravidão.Abolir a escravidão era um passo para a modernidade quenão interessava às elites brasileiras, visto que ainda dependiam doinvestimento em escravos.Na verdade, após a independência, a modernidade pretendidapelas elites imperiais veio na forma de projetos de civilizaçãoe progresso que quase sempre buscavam controlar e disciplinar aspopulações negras livres e libertas. O projeto de civilização implicavaem impor hábitos, formas de trabalhar, de morar e de ocuparas ruas de acordo com modelos importados da Europa. Foi com aidéia de civilização que as elites buscaram justificar as leis contrabatuque, capoeira, samba, religiões africanas e várias outras manifestaçõesculturais que tinham ligação com a África.Foi imbuído do propósito de civilizar costumes que as elitesbrasileiras proibiram os sepultamentos nas igrejas e determinarama construção de cemitérios em várias cidades. Ocorre que oenterramento em cemitérios ia de encontro à idéia de que os mortosdeviam descansar em solo sagrado. Em 1836, na cidade deSalvador, diversas irmandades negras, aliadas a outras brancas, reagirama tal proibição e protagonizaram uma revolta de grandesproporções, conhecida como Cemiterada. Mesmo não tendo comodesenlace uma revolta, em 1864, irmandades religiosas da cidadede Cuiabá também reagiram quando os deputados locais decidirampela proibição dos enterramentos nas igrejas.Ao longo de todo o século XIX, barreiras raciais definiramlimites à ascensão social do ex-escravo e seus descendentes. A corda pele era um elemento poderoso de classificação social dos indivíduos,apesar de não haver discriminação legal como ocorrianos Estados Unidos. Para o branco pobre e até o mestiço, apadrinhamentoe acesso a financiamento podiam abrir as portas para oingresso nas camadas mais altas e em cargos públicos. Mas as barreirasse erguiam para os que tinham pele mais escura, sobretudoos crioulos e africanos, estes últimos genericamente chamados depretos. Os mestiços de pele mais clara podiam romper barreiras164 Uma história do negro no Brasil

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