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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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ção de crianças, visto que elas mais facilmente assimilavam regrase constituíam vínculos com a família do seu senhor.Não era só na guerra que se corria o risco de ser escravizado.Em muitas sociedades africanas, o cativeiro era a punição paraquem fosse condenado por roubo, assassinato, feitiçaria e, às vezes,adultério. A penhora, o rapto individual, a troca e a compraeram outras maneiras de se tornar escravo. As pessoas podiam serpenhoradas como garantia para o pagamento de dívidas. Nestasituação, caso seus parentes saldassem o débito, extinguia-se ocativeiro. Tais formas de aquisição de cativos foram mais ou menoscomuns em diferentes períodos e lugares da África. O rapto eo ataque a vilas se tornaram mais freqüentes quando o tráfico deescravos tomou grandes proporções.Em algumas sociedades, a exemplo do povo Sena deMoçambique, a escravidão também era uma estratégia de sobrevivênciaquando a fome e a seca se faziam desastrosas. A venda outroca de um indivíduo da comunidade podia garantir a sobrevivênciado grupo, inclusive de quem era escravizado. A troca dealguém por comida era uma forma de evitar a extinção do grupo.Certamente estamos falando de um recurso extremo, porque serescravo naquelas sociedades tão fortemente estruturadas por laçosde parentesco significava ser exilado, torna-se um estrangeiro,muitas vezes tendo que professar outra fé, se comunicar em outroidioma, estar alheio às suas tradições. Sentenciar alguém à escravidãoera acima de tudo desenraizá-lo e desonrá-lo.Desde que os árabes ocuparam o Egito e o norte da África,entre o fim do século VII e metade do século VIII, a escravidãodoméstica, de pequena escala, passou a conviver com o comérciomais intenso de escravos. A escravidão africana foi transformadasignificativamente com a ofensiva dos muçulmanos. Os árabes organizarame desenvolveram o tráfico de escravos como empreendimentocomercial de grande escala na África. Não se tratava maisde alguns poucos cativos, mas de centenas deles a serem trocadose vendidos, tanto dentro da própria África quanto no mundo árabee, posteriormente, no tráfico transatlântico para as Américas,inclusive para o Brasil.Uma história do negro no Brasil 15

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