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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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dos escravos a partir da década de 1830, e principalmente depoisde 1850, com a proibição do tráfico, impossibilitou a maioria dedispor de tal propriedade.Muitos africanos retornaram à África após alcançarem a liberdade,embora a maioria aqui ficasse. O retorno visava reverparentes e lugares deixados há muito tempo, mas retornavam, sobretudo,para fugirem do preconceito e da repressão que se abateramsobre os africanos, especialmente os convertidos ao islamismo,depois da Revolta dos Malês, em 1835. Na África, pouquíssimosconseguiram retornar à “terra natal”, muitos fixaram residênciana costa, principalmente em Uidá, Porto Novo e Lagos. Nessascidades formaram as comunidades dos retornados “brasileiros”.Na atual República do Benin, eles são também conhecidos comoagudás, provavelmente derivado de Ajudá, que é como os portugueseschamavam a cidade de Uidá. Do Brasil, eles conservaram alíngua portuguesa, o culto a santos católicos e alguns folguedospopulares. A língua, as gerações mais novas já esqueceram, emboramantenham os sobrenomes. Os santos católicos permanecem,sobretudo Nosso Senhor do Bonfim, que é anualmente celebradocom muita festa.Devemos observar que, deixar de ser escravo e passar à condiçãode liberto, através da alforria, não significava tornar-se inteiramentelivre, apesar disso estar escrito na carta de liberdade. Doponto de vista jurídico, o liberto estava marcado pelo estigma dejá ter vivido na escravidão. No século XVIII, para manter os símbolosde distinção social, as autoridades coloniais chegaram a restringiro uso de determinadas roupas pelos libertos. A sociedadeescravocrata não admitia que pessoas forras se igualassem aos brancosricos no luxo e na forma de se vestir. Em 1708, uma lei chegoua proibir negros cativos e libertos de vestirem tecidos de seda.Após a Independência, a Constituição do Império do Brasil,promulgada em 1824, incluía entre os “cidadãos brasileiros”apenas os libertos nascidos no país. Isso significava que os libertosafricanos continuariam estrangeiros. Eles precisavam conseguirtítulos de naturalização para gozar de alguns direitos de cidadania.Mesmo os libertos brasileiros sofriam restrições no exercíciodos direitos políticos. Pela Constituição, eles não podiam serUma história do negro no Brasil 155

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