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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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com o atual país Congo), mas também pequenas aldeias agrupadaspor laços de descendência ou linhagem. Ainda havia os gruposnômades de comerciantes, agricultores e pastores que se deslocavamsempre que as condições climáticas ou as oportunidadesde negócios assim os obrigassem. Mesmo porque o continenteafricano caracterizava-se pela desproporção entre o enorme territórioe o pequeno contingente populacional. Entretanto, a expansãode reinos, a migração de grupos, o trânsito de caravanas demercadores, a disputa pelo acesso aos rios, o controle sobre estradasou rotas podiam implicar em guerra e subjugação de um povoa outro.Escravidão domésticaNesses confrontos era comum que os vitoriosos fizessem algunsescravos dentre os membros de um vilarejo vencido em luta armada.Era a chamada escravidão doméstica, que consistia em aprisionaralguém para utilizar sua força de trabalho, em geral, na agriculturade pequena escala, familiar. Se a terra era abundante, masrareava mão-de-obra, esse tipo de escravidão servia para aumentaro número de pessoas a serem empregadas no sustento de umafamília ou grupo. Afinal, a terra de nada valia sem que se tivessegente empregada no cultivo de alimentos. Os escravos eram poucospor unidade familiar, mas a posse deles assegurava poder eprestígio para seus senhores, já que representavam a capacidadede auto-sustentação da linhagem. Não por acaso, nesse tipo decativeiro se preferia mulheres e crianças. A fertilidade das mulheresgarantia a ampliação do grupo. Daí que era legítimo as escravasse tornarem concubinas e terem filhos com os seus senhores.Seguindo a mesma lógica, a incorporação dos escravos nafamília se dava de modo gradativo: os filhos de cativos, quandonascidos na casa do senhor, não podiam ser vendidos e seus descendentesiam, de geração em geração, perdendo a condição servile sendo assimilados à linhagem. Assim o grupo podia crescercom o nascimento de escravos, fortalecendo as relações de parentescoe aumentando o número de subordinados ao senhor. A integraçãodos cativos também explica a predileção pela escraviza-14 Uma história do negro no Brasil

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