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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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punição exemplar. Entre os envolvidos, dezessete foram condenadosà pena de morte por enforcamento.O escravo tropeiro Ventura Mina, que planejara os passos darevolta ao longo de aproximadamente um ano, foi morto no confronto.Ventura havia sido eleito “rei dos escravos”, o que reafirmao seu papel de líder dos vinte e um africanos e nove crioulosindiciados pelas autoridades judiciárias. Mas outros escravos tambémforam muito importantes na organização da revolta, dentreeles os crioulos Roque e Jerônimo. Ambos eram tropeiros e viajavamcom certa freqüência para a cidade do Rio de Janeiro, onde acrise política do período regencial animava a rebeldia escrava. Aquelaera uma fase delicada da história do Brasil. A instabilidade políticano país, durante o período regencial (1831- 1840), dividiu os brancose debilitou o controle sobre os cativos, dando-lhes espaço paraque recorressem a rebeliões armadas contra a escravidão.A atenção redobrada à movimentação dos escravos, especialmenteos africanos, e as críticas à continuidade do tráfico atlânticopassaram a ser mais contundentes depois dessas revoltas. Masa maior conseqüência delas foi a certeza de que a escravidão eraincompatível com a harmonia social, e que ficar a mercê da lealdadede alguns negros delatores não era a melhor política de salvaguarda.Foi nesse contexto que a lei de 10 de junho de 1835 foiidealizada. A lei determinava que caberia a forca ao escravo queatentasse contra a vida do seu senhor, seus familiares e feitores. Alei era dura, inflexível e foi aplicada aos envolvidos na revolta deManoel Congo, em Vassouras, Rio de Janeiro, em 1838.Nesta revolta os escravos amotinados pareciam confirmar adesconfiança dos senhores acerca da predisposição dos quilombolasà sedição. O início do levante foi a fuga de escravos de diversasfazendas da região de Pati dos Alferes, entre os dias 6 e 10 de novembrode 1838, quando foi morto um capataz. Os quase duzentosfugitivos eram crioulos e africanos que se esconderam nas matascom alimentos, armas, munição e ferramentas de trabalho roubadasdas fazendas. A liberdade, contudo, durou pouco. No dia 11 de novembroa Guarda Nacional e o Exército, comandado por Luís Alvesde Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, deram fim ao quilombodo ferreiro Manoel Congo que, como previa a lei de 1835, foi con-Uma história do negro no Brasil 139

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