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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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do Império, as festas das irmandades negras e os batuques foramseveramente reprimidos. A maioria das câmaras municipais aprovouleis proibindo “batuques, danças e tocatas de pretos”. Emparte essa legislação terminou surtindo os efeitos desejados pelaselites imperiais, pois, até o final do século, a quantidade de pessoase a pompa das procissões diminuíram sensivelmente. Depois daindependência, as autoridades passaram a proibir danças e procissõesorganizadas pelas irmandades, como a do Rosário do Campode Santana, no Rio de Janeiro. As autoridades justificavam essasproibições afirmando que as festas causavam bebedeiras e incomodavama vizinhança. Na verdade, as autoridades temiam e tentaramimpedir que as festas dessem lugar a desafios contra a ordemestabelecida.Para fugir à repressão, africanos e crioulos buscavam praticarsuas religiões em locais afastados dos centros urbanos, ou recorriama outros artifícios para evitar as patrulhas policiais e acondenação da vizinhança. Havia muitas casas de culto que funcionavamdiscretamente nos centros das cidades. Assim, o que pareciaser um batuque inocente e festivo muitas vezes escondia oculto a alguma entidade espiritual. Os negros podiam também exploraras divergências entre as autoridades recorrendo às licençasde juízes de paz e subdelegados. Para sobreviver em tempos derepressão, as religiões afro-brasileiras buscaram alianças com pessoasmais privilegiadas.Enfim, na labuta cotidiana, na família e nas irmandades, terreirose grupos islâmicos os escravos africanos e seus descendentesestabeleceram vínculos que permitiram a recriação de valorese referências culturais vivenciadas na África. Inventaram tambémseus próprios meios para alcançar a liberdade. Os dois capítulosseguintes se ocuparão dessas questões.112 Uma história do negro no Brasil

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