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UMA HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL

Untitled - Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto

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lemas terrenos de afeto, saúde, dinheiro e poder. Ao longo dasegunda metade do século XIX, brancos e mestiços começaram afazer parte da própria estrutura organizacional, como era o casodos ogãs honoríficos nos candomblés baianos, um meio encontradopelas comunidades religiosas de adquirir respeitabilidade eproteger-se da repressão policial. Também no Rio de Janeiro fenômenosemelhante se desenvolveu. Na década de 1870, o famosopai-de-santo Juca Rosa era apoiado por gente fina da elite carioca,que se utilizava de seus serviços espirituais.Para o Brasil vieram também africanos iniciados em religiõesque surgiram na África depois da chegada de povos árabes eeuropeus. Uma delas era o islamismo, introduzido por populaçõesdo norte do continente africano ao longo do multissecular comérciocom os árabes. Os muçulmanos constituíam uma proporçãopequena da população no Rio de Janeiro, mas eram numerosos nacidade de Salvador e na região açucareira do Recôncavo baiano.Práticas muçulmanas foram identificadas também emPernambuco, Alagoas, São Paulo e Rio Grande do Sul. Os muçulmanosmantinham em suas casas cópias de rezas e do Alcorãoescritas em árabe. Entre os povos africanos trazidos para o Brasilos mais islamizados eram os fulanis, haussás, bornos e nupes (esteschamados de tapas entre nós). Também entre os iorubás haviaum grande número de muçulmanos, embora a grande maioria fossedevota de orixás. Adeptos de uma religião militante, os muçulmanosorganizaram na Bahia algumas rebeliões escravas, sendo a de1835 a mais conhecida. Por isso, ao longo do século XIX, foi ogrupo religioso mais perseguido pelas forças policiais.Além dos islamizados, muitos africanos já chegavam ao Brasilcomo católicos devido à pregação de missionários que se instalaramna África desde a segunda metade do século XV. Estes escravosvinham sobretudo das regiões do Congo e Angola, onde era maiora penetração católica, inclusive devido à conversão de grande partede seus reis e líderes locais, como já foi dito no capítulo I. Quandonão eram batizados na África, antes de embarcarem nos navios negreiros,os escravos eram batizados em grandes grupos logo que desciamem algum porto do Brasil. Mas podiam também ser batizadosindividualmente, pois há registros paroquiais que assim indicam.Uma história do negro no Brasil 105

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