o negro na universidade

O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina

08.08.2015 Views

Ação afirmativa no ensino superiortambém um tipo de autor. O rótulo de criminoso estava no indivíduoe não em seu comportamento. 43Pelos estudos realizados, encontramos fatos e legislações, nahistória do Direito brasileiro, jamais 44 visitados nas faculdades de Direitonacionais, o que corrobora o interesse do Estado brasileiro paraescamotear nossa história na percepção das relações raciais, induzindo,intencionalmente ou não, a população brasileira a manter o racismo e adiscriminação racial. Mais uma razão para que esse mesmo Estado eesse mesmo Direito sejam hoje chamados para recuperar os valoreshumanos dos indivíduos negros em suas políticas.As ações afirmativas com inclusão de negros nas universidadespúblicas têm nesse contexto mais uma razão de legitimidade.Raça, Classe e GêneroComo nas demais sociedades americanas, o racismo no Brasil,em especial o institucional perpetrado contra a população negra,somente muda sua aparência para melhor servir aos interesses do racista.Tudo o mais, com lógica semelhante ou não, determina a segregaçãode todo o grupo negro situando-o fora das fronteiras de direitoshumanos e de cidadania, o que implica igualmente em violênciasimbólica refletida na baixa ou nenhuma auto-estima desse mesmogrupo de indivíduos.43Os estudos de Alessandro Barata (Criminologia Crítica) e Raul Eugenio Zaffaroni(Manual de Direito Penal Brasileiro) expõem o autoritarismo de ação do Estado nacriminalização de sujeitos ao invés de criminalizar comportamentos.44Significando, aqui, que não há na história da formação dos juristas nacionais, escolasde Direito que tenham em algum momento apresentado estudos sobre Direito eRelações Raciais. Um estudo comparado com os de outras sociedades ex-escravistas,como a norte-americana, pode ser conferido nos respectivos sítios eletrônicos, vistoque a disciplina Direito e Relações Raciais, em diversas modalidades, é matéria regularnos cursos de Direito.79

Dora Lucia de Lima BertulioO ser negro é fato circunstancial, não determinante dadiscriminação? Essa é a questão que se põe, especialmente para legitimaros processos de reserva de vagas para negros no ensino superior. Hojeos estudos e os dados de desigualdade racial permitem dizer o contrário,ou seja, que é o pertencimento racial do indivíduo que determina a suapobreza e a má qualidade de vida para toda a população brasileira. 45Objeto de tráfico, escravo, colonizado. E, hoje, ao lado do últimoadjetivo, o proletário das Américas:Do total da população negra ativa, 26% ganham até 76 dólaresmensais; 23% ganham até 380 dólares mensais, 2% ganham até760 dólares mensais e somente 1% ganha acima de 760 dólaresmensais. A grande maioria, 48% não tem rendimentos fixos [...] 46Assim, se bem que a pobreza não seja exclusividade negra, jáque há um extenso contingente de brancos pobres – os termosutilizados e absolutamente generalizados e de aceitação unânime, quandose fala de excluídos, em documentos dessa ordem, referem-se a pobrese negros (pretos e pardos) que representam dois grupos demarginalizados em nossa sociedade. E, o ideário racista brasileiro,apresentando justificativa, pretende que todo o grupo negro esteja nabase da pirâmide social. Até os acadêmicos anti-racistas, emboraentendam a autonomia do racismo diante do conflito de classes, aindaassim partem de premissa racista em suas considerações e reflexões,senão vejamos:Mesmo quando conseguia inserir-se no sistema citadino deocupações, ele (o negro) não se popularizava na direção do futuro45SANTANA, Wania e PAIXÃO, Marcelo, apresentam estudos e referências quedemonstram que ser negro no Brasil é determinante de má qualidade de vida e gozorestrito dos benefícios sociais.46Agenda Latino Americana 95, Org. Dom Pedro Casaldaglia. p.95. Em 1995 a taxade câmbio do dólar americano era de 1 x 1.80

Dora Lucia de Lima BertulioO ser <strong>negro</strong> é fato circunstancial, não determi<strong>na</strong>nte dadiscrimi<strong>na</strong>ção? Essa é a questão que se põe, especialmente para legitimaros processos de reserva de vagas para <strong>negro</strong>s no ensino superior. Hojeos estudos e os dados de desigualdade racial permitem dizer o contrário,ou seja, que é o pertencimento racial do indivíduo que determi<strong>na</strong> a suapobreza e a má qualidade de vida para toda a população brasileira. 45Objeto de tráfico, escravo, colonizado. E, hoje, ao lado do últimoadjetivo, o proletário das Américas:Do total da população negra ativa, 26% ganham até 76 dólaresmensais; 23% ganham até 380 dólares mensais, 2% ganham até760 dólares mensais e somente 1% ganha acima de 760 dólaresmensais. A grande maioria, 48% não tem rendimentos fixos [...] 46Assim, se bem que a pobreza não seja exclusividade negra, jáque há um extenso contingente de brancos pobres – os termosutilizados e absolutamente generalizados e de aceitação unânime, quandose fala de excluídos, em documentos dessa ordem, referem-se a pobrese <strong>negro</strong>s (pretos e pardos) que representam dois grupos demargi<strong>na</strong>lizados em nossa sociedade. E, o ideário racista brasileiro,apresentando justificativa, pretende que todo o grupo <strong>negro</strong> esteja <strong>na</strong>base da pirâmide social. Até os acadêmicos anti-racistas, emboraentendam a autonomia do racismo diante do conflito de classes, aindaassim partem de premissa racista em suas considerações e reflexões,senão vejamos:Mesmo quando conseguia inserir-se no sistema citadino deocupações, ele (o <strong>negro</strong>) não se popularizava <strong>na</strong> direção do futuro45SANTANA, Wania e PAIXÃO, Marcelo, apresentam estudos e referências quedemonstram que ser <strong>negro</strong> no Brasil é determi<strong>na</strong>nte de má qualidade de vida e gozorestrito dos benefícios sociais.46Agenda Latino America<strong>na</strong> 95, Org. Dom Pedro Casaldaglia. p.95. Em 1995 a taxade câmbio do dólar americano era de 1 x 1.80

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