o negro na universidade
O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina
Considerações sobre as políticas de ação afirmativa no ensino superiordo mérito e da excelência, protegidos pelo sistema de vestibular,considerado como neutro e democrático.A respeito da excelência, eles dizem que o ingresso na universidadedos negros e pobres oriundos das escolas médias públicas através decotas, isto é, reservas de vagas para seleção, pode levar a uma degradaçãoda qualidade do nível do ensino, porque eles não têm as mesmasaquisições culturais dos alunos selecionados pelo vestibular comum etradicional. O que significa degradar a qualidade do ensino? Podesignificar que os alunos que ingressaram pelas cotas não sejam capazesde acompanhar as explicações dos professores nas salas de aula, de lere interpretar os textos, de fazer os seminários e aplicações noslaboratórios, de fazer pesquisa e apresentar os relatórios etc., obrigandoos professores a baixar o nível de seus ensinamentos, atrasando,conseqüentemente, os alunos mais capacitados selecionados pelovestibular tradicional e neutro. No entanto, a prática tem mostrado quenão é bem isto que acontece, pois existe o sistema de avaliação paraaprovar os melhores alunos e reprovar os alunos ruins. Nossasuniversidades recebem, através de convênios, alunos oriundos das escolasmédias públicas africanas cuja qualidade desconhecemos, no entantonenhuma universidade brasileira que recebe esses alunos já baixou a suaqualidade de ensino! Por que isto aconteceria com alunos brasileirosbeneficiados pelas cotas e submetidos ao mesmo conteúdo dosvestibulares que seleciona os melhores entre eles? De fato é o mesmoprincípio do darwinismo social “na luta pela vida é o melhor que ganha”que se aplica a todos, sendo a diferença devida ao fato de que a seleçãoé feita em câmaras separadas, de acordo com as diferenças entre ensinopúblico e particular.Concordamos com o princípio de que existem desníveis entreformação dos alunos oriundos das escolas públicas e das escolasparticulares bem abastecidas e que esses desníveis interferem noaprendizado e no progresso dos alunos nas universidades. Consideramos15
Kabengele Munangaque a sociedade não existe apenas para os alunos superdotados e acimada média, capazes de desafiar as lacunas anteriores e de superá-lasquando têm em mãos uma oportunidade única, mas que ela existetambém e, sobretudo, para a maioria da população não-superdotada.Partindo desta perspectiva, acredito que nossas universidades públicas,mais do que quaisquer outras instituições, têm recursos humanos capazesde minimizar as lacunas dos estudantes oriundos das escolas médiaspúblicas através de programas de formação complementar. Semvontade política de mudança, os obstáculos não serão vencidos. Pelocontrário, as pessoas ou grupos sociais opostos às mudanças farãotudo o que puderem para derrotar o processo.Tomo o exemplo da Universidade da Califórnia em Berkeley,estudado por Sabrina Moehlecke na sua tese de doutorado, defendidaneste ano na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo(Fronteiras da Igualdade no Ensino Superior: Excelência e Justiça Racial,2004).A Universidade de Berkeley é um dos nove campi daUniversidade da Califórnia; uma universidade seletiva, voltada à pesquisaque foi o primeiro campus a adotar planos de ação afirmativa sensíveisà raça em seus processos de admissão. De 1965 a 1979, essa universidadecriou vários programas que ofereciam basicamente serviços de apoioà qualificação acadêmica dos estudantes, antes e durante o cursouniversitário, e de apoio financeiro, como forma de viabilizar sua atuaçãoem áreas complementares às de seu ingresso e de minorar asdesigualdades existentes entre os alunos. Segundo essa pesquisa de SabrinaMoehlecke, a excelência e a qualidade do ensino não foram afetadasnaquela universidade.Sobre o mérito, a questão é saber se é mais justo colocar namesma linha de partida alunos que não tiveram igualdade deoportunidade no acesso à educação e fazer uma classificação eqüitativaentre eles, ou submetê-los separadamente a um mesmo conteúdoseletivo. Por que sancionar aqueles que por razões socioeconômicas e16
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Considerações sobre as políticas de ação afirmativa no ensino superiordo mérito e da excelência, protegidos pelo sistema de vestibular,considerado como neutro e democrático.A respeito da excelência, eles dizem que o ingresso <strong>na</strong> <strong>universidade</strong>dos <strong>negro</strong>s e pobres oriundos das escolas médias públicas através decotas, isto é, reservas de vagas para seleção, pode levar a uma degradaçãoda qualidade do nível do ensino, porque eles não têm as mesmasaquisições culturais dos alunos selecio<strong>na</strong>dos pelo vestibular comum etradicio<strong>na</strong>l. O que significa degradar a qualidade do ensino? Podesignificar que os alunos que ingressaram pelas cotas não sejam capazesde acompanhar as explicações dos professores <strong>na</strong>s salas de aula, de lere interpretar os textos, de fazer os seminários e aplicações noslaboratórios, de fazer pesquisa e apresentar os relatórios etc., obrigandoos professores a baixar o nível de seus ensi<strong>na</strong>mentos, atrasando,conseqüentemente, os alunos mais capacitados selecio<strong>na</strong>dos pelovestibular tradicio<strong>na</strong>l e neutro. No entanto, a prática tem mostrado quenão é bem isto que acontece, pois existe o sistema de avaliação paraaprovar os melhores alunos e reprovar os alunos ruins. Nossas<strong>universidade</strong>s recebem, através de convênios, alunos oriundos das escolasmédias públicas africa<strong>na</strong>s cuja qualidade desconhecemos, no entantonenhuma <strong>universidade</strong> brasileira que recebe esses alunos já baixou a suaqualidade de ensino! Por que isto aconteceria com alunos brasileirosbeneficiados pelas cotas e submetidos ao mesmo conteúdo dosvestibulares que selecio<strong>na</strong> os melhores entre eles? De fato é o mesmoprincípio do darwinismo social “<strong>na</strong> luta pela vida é o melhor que ganha”que se aplica a todos, sendo a diferença devida ao fato de que a seleçãoé feita em câmaras separadas, de acordo com as diferenças entre ensinopúblico e particular.Concordamos com o princípio de que existem desníveis entreformação dos alunos oriundos das escolas públicas e das escolasparticulares bem abastecidas e que esses desníveis interferem noaprendizado e no progresso dos alunos <strong>na</strong>s <strong>universidade</strong>s. Consideramos15