o negro na universidade
O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina
Considerações sobre as políticas de ação afirmativa no ensino superiorafirmativa, em especial às cotas, à combinação das políticas universaisde combate à pobreza com as políticas específicas e aos programassociais de distribuição de bolsas de estudos e de empréstimo financeiro.Sabemos que outros países como o Canadá, a Austrália, a NovaZelândia, a Malásia, a Inglaterra e a Alemanha trabalham também compolíticas de cotas em benefício das minorias étnicas. Infelizmente, nãodispomos de dados sobre estes países para estabelecer comparaçõescom Índia e Estados Unidos.O Debate no Contexto BrasileiroEmbora em contexto discriminatório diferente, no Brasil, aquestão fundamental que se coloca é a mesma enfrentada pelosamericanos e indianos, a de promover o ingresso dos excluídos nasuniversidades. Esta questão não parte do vazio, mas sim da constataçãode que os negros não são representados, ou seja, não são visíveis nasuniversidades de boa qualidade. No caso brasileiro 4 , a questão daexclusão dos negros no ensino superior é muito bem ilustradaestatisticamente pelas pesquisas mais recentes do IPEA – Instituto dePesquisa Econômica Aplicada – um órgão federal:Do total dos universitários brasileiros, 97% são brancos, sobre2% de negros e 1% de descendentes de orientais. Sobre 22 milhõesde brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, 70% delessão negros. Sobre 53 milhões de brasileiros que vivem na pobreza,63% deles são negros (HENRIQUES, 2001).A questão concreta que se coloca a partir desses números é:Como fazer para aumentar o contingente negro no ensino universitário4HENRIQUES, Ricardo. Desigualdade racial no Brasil: evolução das condições de vida nadécada de 90. Texto para discussão. n. 807. 2001. Ministério do Planejamento,Orçamento e Gestão – IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.11
Kabengele Munangaou superior de modo geral, tirando-o da situação de 2% em que seencontra depois de 116 anos de abolição, em relação ao contingentebranco que, sozinho, representa 97% de brasileiros com diplomauniversitário? Ou seja, como aumentar a representação do negro naeducação superior, visando tanto à melhoria das oportunidades deingresso e permanência, como a diminuição das desigualdadesacumuladas durante cerca de 400 anos?O debate desencadeado no Brasil em torno desta questão, tantopelas mídias quanto pelos meios acadêmicos, começou com uma certasuperficialidade e com argumentos que não resistem a uma crítica serena,contrariando a firme posição já em execução em algumas universidades,com destaque para as estaduais. Cito a Universidade Estadual do Riode Janeiro, a Universidade Estadual da Bahia, a Universidade Estadualdo Mato Grosso do Sul, duas universidades estaduais de Minas Geraise a Universidade Estadual de Londrina, que se inicia neste debate. Dentreas universidades federais, apenas duas instituições já iniciaram o processode cotas: a Universidade de Brasília e a Universidade Federal da Bahia.Tudo indica que a Escola Paulista de Medicina, que também é umainstituição federal, está se preparando para adotar a política de cotas. 5Eis alguns dos argumentos retóricos apresentados e defendidoscontra a política de cotas:1) Dificuldade de definir quem é negro no Brasil, por causa damestiçagem que atinge a todos os brasileiros, o que considero umaflagrante inverdade, pois num país onde a discriminação existe e éaceita, no mínimo quem discrimina sabe distinguir os discriminados.A questão se colocaria na situação extrema do mestiço quefenotipicamente apresenta todas as características brancas e, segundoOracy Nogueira, já é branco, pois nossa classificação racial é de5Em 2004 apenas algumas universidades haviam iniciado o processo de adoção dascotas. Em 2007 dezenas de universidades adotaram as políticas de ação afirmativa,com reserva de vagas para negros e, em alguns casos, para índios.12
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Considerações sobre as políticas de ação afirmativa no ensino superiorafirmativa, em especial às cotas, à combi<strong>na</strong>ção das políticas universaisde combate à pobreza com as políticas específicas e aos programassociais de distribuição de bolsas de estudos e de empréstimo fi<strong>na</strong>nceiro.Sabemos que outros países como o Ca<strong>na</strong>dá, a Austrália, a NovaZelândia, a Malásia, a Inglaterra e a Alemanha trabalham também compolíticas de cotas em benefício das minorias étnicas. Infelizmente, nãodispomos de dados sobre estes países para estabelecer comparaçõescom Índia e Estados Unidos.O Debate no Contexto BrasileiroEmbora em contexto discrimi<strong>na</strong>tório diferente, no Brasil, aquestão fundamental que se coloca é a mesma enfrentada pelosamericanos e indianos, a de promover o ingresso dos excluídos <strong>na</strong>s<strong>universidade</strong>s. Esta questão não parte do vazio, mas sim da constataçãode que os <strong>negro</strong>s não são representados, ou seja, não são visíveis <strong>na</strong>s<strong>universidade</strong>s de boa qualidade. No caso brasileiro 4 , a questão daexclusão dos <strong>negro</strong>s no ensino superior é muito bem ilustradaestatisticamente pelas pesquisas mais recentes do IPEA – Instituto dePesquisa Econômica Aplicada – um órgão federal:Do total dos universitários brasileiros, 97% são brancos, sobre2% de <strong>negro</strong>s e 1% de descendentes de orientais. Sobre 22 milhõesde brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza, 70% delessão <strong>negro</strong>s. Sobre 53 milhões de brasileiros que vivem <strong>na</strong> pobreza,63% deles são <strong>negro</strong>s (HENRIQUES, 2001).A questão concreta que se coloca a partir desses números é:Como fazer para aumentar o contingente <strong>negro</strong> no ensino universitário4HENRIQUES, Ricardo. Desigualdade racial no Brasil: evolução das condições de vida <strong>na</strong>década de 90. Texto para discussão. n. 807. 2001. Ministério do Planejamento,Orçamento e Gestão – IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.11