o negro na universidade
O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina O Negro na Universidade - Universidade Estadual de Londrina
Do problema da “raça” às políticas de ação afirmativaO branqueamento como soluçãoA preocupação com o “branqueamento” não significava apenasa preocupação com a cor, com a necessidade da “limpeza” da raça,mas com a exclusão daquele que representava o não-desenvolvimentoe a não-civilização, o negro. Afinal, o país teria de fazer parte do circuitointernacional de crescimento.A inquietação em resolver o problema do “negro” traduz-seem ações para eliminar aquele que causava desconforto. No âmbitodas áreas urbanas em consolidação, em cidades como São Paulo e Riode Janeiro, inicia-se o processo de retirada do ex-escravo daquelesespaços considerados privilegiados e de maior visibilidade das cidades.O estudo iconográfico de Carlos José Ferreira dos Santos 5 apresenta atentativa dos fotógrafos do final do século XIX e início do século XXde esconder os negros do contexto social. As fotografias da cidade deSão Paulo procuravam mostrar uma cidade harmoniosa, em primeiroplano e, em quase todas as fotos, quando os negros apareciam, nãoestavam presentes no eixo central da imagem ou apareciam napenumbra.Raquel Rolnik 6 , arquiteta e estudiosa da cidade de São Paulo,mostra que a política higienista estava presente também no planejamentourbano da cidade no início do século XX, quando, em nome da“limpeza”, retiraram-se os moradores negros da região central, sendoafastados dos lugares considerados nobres, que deviam ser reservadosà elite paulistana, sobretudo daqueles territórios em que havia maiorconcentração de ex-escravos, nos chamados quilombos urbanos:5SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era italiano: São Paulo e pobreza (1890-1915). São Paulo: Annablume, 1998.6ROLNIK, Raquel. “Territórios negros nas cidades brasileiras (etnicidade e cidadeem São Paulo e no Rio de Janeiro)”. Estudos Afro-Asiáticos, n° 17, 1989, Rio deJaneiro, p. 29-41.127
Maria Nilza da Silva e Pires LaranjeiraNa cidade que se quer civilizada, europeizada, o quilombo é umapresença africana que não pode ser tolerada. Isso se manifestadesde a formulação do código de posturas municipal em 1886,visando proibir essas práticas presentes nos territórios negros dacidade: as quituteiras devem sair porque ‘atrapalham o transito’;os mercados devem ser transferidos porque ‘afrontam a cultura econspurcam a cidade’; os pais-de-santo não podem mais trabalharporque são embusteiros que fingem inspiração por algum entesobrenatural’. [...] A operação limpeza foi implacável: para aconstrução da Praça da Sé e remodelação do Largo Municipal, oscortiços, hotéis e pensões das imediações foram demolidos. Estáligado a esse processo de ‘limpeza’ do Centro a expansão econsolidação do Bixiga como território negro em São Paulo”(ROLNIK, 1989, p. 32-33;34).Na cidade de São Paulo foram criadas áreas exclusivas paraabrigar a elite paulistana, como os Champs Elisées, os bairrospaulistanos dos Campos Elíseos (hoje, já não mais com este status), oHigienópolis, os Jardins, a Avenida Paulista etc. Segundo Maura Véras 7 ,a separação que se processava estava baseada no princípio que consistiaem “afastar e desinfetar” a pobreza.Na Contramão: Casa Grande & SenzalaEnquanto muitos se preocupavam em esconder o mestiço e onegro na sociedade brasileira, na contramão, Gilberto Freyre 8 , em seulivro, Casa Grande & Senzala, publicado em 1933, no Brasil, e traduzido7VÉRAS, Maura Pardini Bicudo. O bairro do Brás em São Paulo: um século detransformações no espaço urbano ou diferentes versões da segregação social. 1991,Tese (doutorado em Ciências Sociais) PUC/SP, São Paulo.8FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala: formação da família brasileira sob oregime de economia patriarcal. 12ª ed., Brasília: Universidade de Brasília, 1963.128
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Do problema da “raça” às políticas de ação afirmativaO branqueamento como soluçãoA preocupação com o “branqueamento” não significava ape<strong>na</strong>sa preocupação com a cor, com a necessidade da “limpeza” da raça,mas com a exclusão daquele que representava o não-desenvolvimentoe a não-civilização, o <strong>negro</strong>. Afi<strong>na</strong>l, o país teria de fazer parte do circuitointer<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de crescimento.A inquietação em resolver o problema do “<strong>negro</strong>” traduz-seem ações para elimi<strong>na</strong>r aquele que causava desconforto. No âmbitodas áreas urba<strong>na</strong>s em consolidação, em cidades como São Paulo e Riode Janeiro, inicia-se o processo de retirada do ex-escravo daquelesespaços considerados privilegiados e de maior visibilidade das cidades.O estudo iconográfico de Carlos José Ferreira dos Santos 5 apresenta atentativa dos fotógrafos do fi<strong>na</strong>l do século XIX e início do século XXde esconder os <strong>negro</strong>s do contexto social. As fotografias da cidade deSão Paulo procuravam mostrar uma cidade harmoniosa, em primeiroplano e, em quase todas as fotos, quando os <strong>negro</strong>s apareciam, nãoestavam presentes no eixo central da imagem ou apareciam <strong>na</strong>penumbra.Raquel Rolnik 6 , arquiteta e estudiosa da cidade de São Paulo,mostra que a política higienista estava presente também no planejamentourbano da cidade no início do século XX, quando, em nome da“limpeza”, retiraram-se os moradores <strong>negro</strong>s da região central, sendoafastados dos lugares considerados nobres, que deviam ser reservadosà elite paulista<strong>na</strong>, sobretudo daqueles territórios em que havia maiorconcentração de ex-escravos, nos chamados quilombos urbanos:5SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era italiano: São Paulo e pobreza (1890-1915). São Paulo: An<strong>na</strong>blume, 1998.6ROLNIK, Raquel. “Territórios <strong>negro</strong>s <strong>na</strong>s cidades brasileiras (etnicidade e cidadeem São Paulo e no Rio de Janeiro)”. Estudos Afro-Asiáticos, n° 17, 1989, Rio deJaneiro, p. 29-41.127