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SETOR RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA

Material do Professor - Setor Religiosidade Afro-Brasileira

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mas transversais da Educação Básica, sugerem que os professoresestimulem a adoção de “atitudes de respeito pelasdiferenças entre as pessoas”, “atitudes de solidariedade,cooperação e repúdio às injustiças e discriminações” pelosalunos e levem-nos a “valorizar e empregar o diálogo comoforma de esclarecer conflitos e tomar decisões coletivas”.Tais reflexões são indispensáveis para orientar os estudantes,antes da visita ao M<strong>AFRO</strong>, acerca da diversidade religiosaexistente no Brasil e da postura a adotar frente a ela.Relativizar significa perceber que nossos valores culturaisnão são universais nem absolutos. Temos a tendênciaa pensar que nossa forma de ser e viver é “normal”,“natural”, enquanto a dos outros é “estranha”, diferente”,“anormal”, “exótica”. Quando se diz “nossa forma de ser”,não se trata de uma característica individual. Esta expressãorefere-se à forma de ser, agir e pensar de pessoasdo nosso grupo étnico, de nossa religião, do nosso país ouregião, de nossa orientação sexual ou de nosso gênero,entre outras categorias que nos posicionam na sociedade.Normalmente, não questionamos por que somos como somos,ou por que vivemos como vivemos. Isto é para nós umdado de realidade: “é assim porque é”, diriam muitos.Por outro lado, estamos sempre buscando explicaçõespara os hábitos e comportamentos dos outros: por que oschineses comem insetos? Por que alguns grupos indígenaspintam o corpo ou perfuram os lábios? Por que os judeusfazem circuncisão? Por que os muçulmanos ficam um mês(o Ramadan) sem comer durante o dia? Por que a mulheresficam nervosas antes da menstruação? Por que alguns homense mulheres têm preferência por pessoas do mesmosexo? Tudo parece tão estranho...Relativizar, assim, significa deixar de considerar que taishábitos, comportamentos, crenças e práticas dos outrossão “estranhos”. Significa aceitar que eles são apenasdiferentes dos nossos, mas não inferiores, anormais oudesviantes. Eles fazem sentido e cumprem importantesfunções sociais em suas respectivas sociedades, são respostasculturais diferentes encontradas para problemashumanos comuns.Ao mesmo tempo, relativizar implica também em adotaruma postura mais “desconfiada” em relação aos nossospróprios comportamentos, crenças e práticas, percebendoque eles não são “naturais”, mas sim fruto de circunstânciashistóricas específicas. Será que é “normal” comerum alimento feito com mais de uma dezena de substânciasquímicas que podem ser prejudiciais à saúde, comogrande parte dos alimentos industrializados? Será que é“normal” uma sociedade produzir centenas de milhões detoneladas de lixo por dia que não podem ser absorvidaspela natureza e acabam contaminando o ar, a água e osolo? Será “normal” uma mulher passar a vida torturandosepsicologicamente por causa da medida de sua cintura esubmeter-se até mesmo a uma perigosa cirurgia como alipoaspiração, em nome de ter um “corpo perfeito”? Seráque em outras sociedades, em outros tempos e em outroslugares as pessoas achariam essas coisas “normais”? Oque uma mulher indígena acharia de nosso padrão de belezae da lipoaspiração? O que uma pessoa de uma sociedadeagrária da Antigüidade acharia do lixo produzido pelo modode vida das sociedades industriais contemporâneas?Relativizar, portanto, requer que dirijamos nossas perguntas,nossos “porquês” a nós mesmos, tentando desnaturalizarnossa própria cultura, ou seja, tentando investigarnossa cultura como coisa “estranha”, lançando um olharcurioso sobre ela, um olhar que pressupõe um deslocamento:saímos de nossa posição e tentamos nos colocar naposição do “outro” para olharmos sob um ângulo diferentepara nós mesmos, tentando perceber por que vivemos comovivemos, quando e como passamos a viver assim, quais osinteresses que motivam este modo de vida. Isso nos levará,inevitavelmente, a perguntar quem somos nós.

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