SETOR RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA

Material do Professor - Setor Religiosidade Afro-Brasileira Material do Professor - Setor Religiosidade Afro-Brasileira

08.08.2015 Views

POR QUE CANDOMBLÉ?“Por que preciso aprender sobre o candomblé, se sou deoutra religião?”. “Por que o Museu Afro-Brasileiro tem objetosde candomblé?”. “Estes objetos não são perigosos?Se sou de outra religião, posso olhar e tocar neles?”. “Asentidades do candomblé não são malignas? Posso ouvir osmonitores do Museu Afro-Brasileiro falarem sobre elas?”.Estas são algumas questões que surgem com freqüênciadurante a monitoria do setor Afro-Brasileiro do Museu Afro-Brasileiro, por parte dos estudantes das escolas visitantes,e, às vezes, mesmo de alguns professores que trazem suasturmas para conhecer nosso museu.Essas dúvidas e os temores que as acompanham só podemser dissipados através do conhecimento sobre o queé realmente o candomblé, sobre o que significa para seuspraticantes e sobre sua importância para a história dopovo negro no Brasil. Mas a obtenção deste conhecimentodemanda uma atitude de abertura para com aquilo que édiferente, uma atitude não preconceituosa, que evita julgarantes de conhecer.Para compreender o candomblé e poder aproveitar a visitaao MAFRO, é preciso que os professores preparem seusalunos antes da visita, debatendo amplamente sobre estaquestão e ensinando aos alunos uma postura de respeitoà diferença, ou seja, às formas de ser, pensar, crer e viverque caracterizam pessoas diferentes de nós ou gruposdiferentes daqueles aos quais pertencemos, mas que nempor isso podem ser vistas como piores ou inferiores àsnossas próprias formas de ser, pensar, crer e viver.A DIVERSIDADE NO CURRÍCULO ESCOLAROs professores podem encontrar referências de como trabalharcom a diversidade cultural, étnico-racial e religiosana própria legislação educacional: os Temas Transversais

dos Parâmetros Curriculares Nacionais abordam estaquestão em diferentes momentos, especialmente nos temasPluralidade Cultural e Ética. Outro documento importanteé o Parecer CNE/CP nº003/2004, aprovado em 10/03/2004,que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para aEducação das Relações Étnico-Raciais e Ensino de Históriae Cultura Afro-Brasileira e Africana. Estes documentos estãodisponíveis em todas as unidades escolares e podemser encontrados nos sítios eletrônicos do MEC. Além disso,já há uma ampla bibliografia especializada sobre a temáticaafro-brasileira e sobre a diversidade cultural na educação,disponível no mercado.Depois que adentrou a legislação educacional, a diversidadecultural, antes nunca ou muito pouco debatida peloseducadores, está se tornando uma espécie de moda, umaexpressão cada vez mais recorrente no jargão da Educação.É importante, porém, evitar falar do “outro” comose ele fosse muito distante ou absolutamente diferente demim. Isto pode levar a uma postura que não é nada nova,mas apenas a reedição de algo muito comum: tratar o“outro” e sua cultura como algo folclórico, congelado notempo e no espaço, petrificado e exótico. Esta abordagemapenas acrescenta, de forma marginal, um simples adendoum tanto descartável ao que é considerado “currículode verdade”, ao “conteúdo tradicional”, que permanece,assim, intocado.Não basta abordar aspectos das culturas de origem africana,como a culinária, o samba e a capoeira no currículo,porém tratando-os como “manifestações folclóricas” ou“folguedos”. É preciso investigar a importância que taispráticas tiveram e têm para a constituição de uma identidadenacional e os significados particulares que assumirampara a conformação da identidade negra, enquantoformas de sociabilidade e práticas de resistência do povonegro. É preciso, igualmente, indagar como e por que taispráticas têm sido discriminadas e depreciadas, em prolde práticas culturais de origem européia. O que temosvalorizado como “conhecimento legítimo” para constarnos currículos? A seleção dos conteúdos curricularesdeve ser compreendida como uma operação política, umaquestão de poder que expressa uma disputa que silenciae invisibiliza alguns atores sociais, enquanto legitima econsolida outros.Aquilo que as crianças e adolescentes brasileiros aprendemna escola e que é tido como um conhecimento “universal”expressa na verdade valores, conhecimentos,hábitos e sensibilidades de apenas um segmento da sociedade,constituído pela camada dominante, representandoum patrimônio cultural feito por e para esta camada, reproduzidona escola com o objetivo de perpetuar tal estruturade poder.O desafio de aplicar a lei 10.639/03 constitui-se, assim, nãoapenas em incorporar novos conteúdos ao currículo, masem avaliar como o próprio currículo foi estruturado, a quaisinteresses corresponde e em que valores civilizatórios épautado. Esta lei traz a possibilidade de repensar o currículonão só como o quê se aprende, mas como se aprende, paraquê e para quem é destinada a educação escolar.Desta maneira, torna-se possível pluralizar a educação,adequando-a a sujeitos heterogêneos, levando em contaas diferenças culturais, étnico-raciais, religiosas, degênero e sexualidade, entre outras, existentes entre eles.O objetivo desta educação renovada é possibilitar a convivênciarespeitosa entre pessoas diferentes e criar realcondição de igualdade de oportunidades de aprendizagem.Para isso se tornar possível, porém, é necessário queos educandos compreendam como as diferenças entre aspessoas tornaram-se desigualdades ao longo do processohistórico, de que maneiras estas diferenças tornaram-semarcas distintivas de superioridade ou inferioridade. Aprincípio, ser branco ou negro é apenas uma diferença,

POR QUE CANDOMBLÉ?“Por que preciso aprender sobre o candomblé, se sou deoutra religião?”. “Por que o Museu Afro-Brasileiro tem objetosde candomblé?”. “Estes objetos não são perigosos?Se sou de outra religião, posso olhar e tocar neles?”. “Asentidades do candomblé não são malignas? Posso ouvir osmonitores do Museu Afro-Brasileiro falarem sobre elas?”.Estas são algumas questões que surgem com freqüênciadurante a monitoria do setor Afro-Brasileiro do Museu Afro-Brasileiro, por parte dos estudantes das escolas visitantes,e, às vezes, mesmo de alguns professores que trazem suasturmas para conhecer nosso museu.Essas dúvidas e os temores que as acompanham só podemser dissipados através do conhecimento sobre o queé realmente o candomblé, sobre o que significa para seuspraticantes e sobre sua importância para a história dopovo negro no Brasil. Mas a obtenção deste conhecimentodemanda uma atitude de abertura para com aquilo que édiferente, uma atitude não preconceituosa, que evita julgarantes de conhecer.Para compreender o candomblé e poder aproveitar a visitaao M<strong>AFRO</strong>, é preciso que os professores preparem seusalunos antes da visita, debatendo amplamente sobre estaquestão e ensinando aos alunos uma postura de respeitoà diferença, ou seja, às formas de ser, pensar, crer e viverque caracterizam pessoas diferentes de nós ou gruposdiferentes daqueles aos quais pertencemos, mas que nempor isso podem ser vistas como piores ou inferiores àsnossas próprias formas de ser, pensar, crer e viver.A DIVERSIDADE NO CURRÍCULO ESCOLAROs professores podem encontrar referências de como trabalharcom a diversidade cultural, étnico-racial e religiosana própria legislação educacional: os Temas Transversais

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!