APRESENTAÇÃOO Museu Afro-Brasileiro (M<strong>AFRO</strong>) foi inaugurado emjaneiro de 1982, fruto de um Programa de CooperaçãoCultural entre o Brasil e países da África. Seu acervo écomposto de esculturas, máscaras, tecidos, cerâmicas,adornos, instrumentos musicais e jogos africanos, quetestemunham a visão de mundo e os conhecimentostécnicos de diversos povos da África Ocidental e Central.Há também objetos de origem afro-brasileira, relacionadosàs divindades e sacerdotes do candomblé naBahia. Merece destaque especial o conjunto de talhas emcedro do artista plástico Carybé, retratando 27 orixás,que constitui uma das mais importantes obras da artecontemporânea brasileira.O M<strong>AFRO</strong> pretende ser um espaço de identidade e memóriada população afro-descendente. Desde sua inauguraçãoeste museu vem recebendo grande visitação de públicoescolar, procurado por educadores comprometidoscom a inclusão do povo negro à educação formal e com odireito que todos os brasileiros têm ao acesso ao conhecimentosobre uma de suas principais matrizes civilizatórias.Tais educadores vêm se colocando questões como: oque sabemos sobre a África? Que conhecimentos sobreo continente africano têm sido veiculados pela escolabrasileira? De que maneira o enorme patrimônio culturalbrasileiro de origem africana tem sido incorporadoao currículo? Como a escola aborda o papel dasreligiões afro-brasileiras na preservação e reelaboraçãodas culturas africanas no Brasil?Hoje, o Estado brasileiro já reconhece a legitimidadedessas proposições e a necessidade de introduzir modificaçõesnos currículos de ensino fundamental e médioque os tornem menos eurocêntricos, mais diversos e pluriculturais.Isto se evidencia nos temas transversais propostosnos Parâmetros Curriculares Nacionais, assimcomo na Lei 10.639/03, que altera a Lei de Diretrizes e Basesda Educação Brasileira (LDB) e dispõe sobre a obrigatoriedadedo ensino de história e culturas africanas e afro-brasileiras,e ainda nas Diretrizes Curriculares Nacionais paraa Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino deHistória e Cultura Africana e Afro-Brasileira.O desafio atual consiste em implementar no currículo ativodas escolas estas disposições da legislação educacional. OM<strong>AFRO</strong>, ao realizar o Projeto de Atuação Pedagógica eCapacitação de Jovens Monitores, pretende contribuircom o processo de implementação da Lei 10.639/03, visandoà eliminação do preconceito racial e à divulgação deconhecimentos acerca das culturas africanas e afro-brasileiras,através das seguintes ações:· Formação de jovens monitores afro-descendentes, oferecendo-lhesqualificação profissional e formação pessoal.· Disponibilização ao público escolar de roteiros educativosde visita monitorada ao M<strong>AFRO</strong>.· Elaboração e distribuição de materiais de apoio à açãoeducativa (para estudantes e professores atendidos peloprograma).Para tanto, realizamos uma ação educativa que privilegia:· A construção de imagens da África alternativas aos estereótiposdifundidos pela mídia e pela escola e divulgaçãode conhecimentos acerca da história dos africanos e afrodescendentes,com ênfase em dimensões essenciais de suavisão de mundo e de suas formas de organização social, evidenciadasnos objetos em exposição.· O combate à intolerância religiosa e valorização da diversidadecultural.· A realização de exercícios de leitura de objetos, provocandoo olhar para seus elementos formais e fornecendo infor-
mações de cunho histórico e cultural para a compreensão deseus significados.Este material, destinado ao professor, refere-se ao setorReligiosidade Afro-Brasileira da exposição do M<strong>AFRO</strong>. Elepretende oferecer subsídios a professores das escolasatendidas no Museu para preparação de atividades relacionadasà visita. Este material constitui-se, ainda, em recursode pesquisa para elaboração do planejamento noque tange ao ensino interdisciplinar de história e culturasafro-brasileiras. Ele contém:dialogada dos objetos, fornecendo-lhe informaçõeshistóricas e antropológicas sobre as sociedades queos produziram, para que ele possa, além de fruir esteticamentea visita, ter uma melhor compreensão dossignificados dos objetos em seu contexto original deprodução e consumo.Desejamos a todos uma agradável e proveitosa visita àsnossas raízes africanas e a seus frutos afro-brasileiros!· Um texto introdutório que apresenta o candomblécomo instrumento de preservação da história, dossaberes e da memória afro-baiana.· Fotografias de 15 objetos da exposição (14 das quaisconstam no Material do estudante).· Exercícios de leitura de imagem e informações específicassobre estas peças, passíveis de utilizaçãodurante e após a visita, em sala de aula.O texto introdutório aborda a importância do respeito àdiversidade cultural, étnico-racial e religiosa, sugerindoa adoção de uma postura ética e relativizadora peloseducadores ao tratar da religiosidade afro-brasileira.O candomblé é apresentado como herança cultural epatrimônio histórico da população negra da Bahia e comoprática religiosa que favorece a preservação ambiental.Há ainda neste texto uma breve conceituação sobre a artesacra afro-brasileira, a partir dos objetos que compõemo acervo do M<strong>AFRO</strong>.Durante a visita o monitor abordará alguns destes temas,a partir das peças da exposição. É importante frisar queo visitante desempenha um papel ativo neste processo,uma vez que o monitor não age como guia que apenas “deposita”seus conhecimentos, mas sim procura estimularo olhar e a percepção do visitante através de uma leitura