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SETOR RELIGIOSIDADE AFRO-BRASILEIRA

Material do Professor - Setor Religiosidade Afro-Brasileira

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os ancestrais, que comparecem às cerimônias chamadospelos instrumentos, o adjá (sino) tocado pela sacerdotisaou sacerdote e os atabaques consagrados, que são saudadose respeitados como as próprias divindades queajudam a manifestar. Ao seu som, as divindades dançam,dotando o transe de corporeidade e transformando a cerimôniareligiosa em uma performance ritual na qual estãoenvolvidos todos os aspectos da herança cultural africana:a música, a literatura oral na forma de cantigas, a dança,a culinária ritual.A musicalidade e o “jeito de corpo”, tão peculiaresao brasileiro e especialmente ao baiano, devem-se aesta herança. Ao contrário da tradição cristã que opõediametralmente corpo e espírito, estabelecendo um idealde comportamento no qual o corpo é sublimado, as culturasafricanas têm a performance das divindades, atravésdas máscaras e/ou do transe de possessão, como elementocentral de sua religiosidade. Nesta performance, o corpotorna-se o receptáculo da divindade, e sua expressãoatravés da dança reencena e atualiza os mitos de criação,reafirma seus pactos com os vivos e dispensa a estes aforça vital e a proteção necessárias a seu bem-estar. Adança e a música são sagradas, assim como a sensualidade– a percepção através dos sentidos e seu exercício.Muitos dos que se aproximavam do candomblé, noentanto, marcados pela formação cristã e pelo etnocentrismo,não conseguiam entender este aspecto econdenavam as cerimônias como “libertinas”, “lascivas”,“indecentes”. A despeito de seus equivocados eideológicos juízos morais, no entanto, a corporalidadebrasileira é indelevelmente marcada pela herança africana.Nossa “ginga”, presente não apenas na dança, masna forma de caminharmos, de jogar futebol, e em tantasoutras expressões corporais; a maneira de nos tocarmosao nos cumprimentarmos, e até mesmo o jeitode ficar parado, de pé ou sentado, são marcadamenteafro-brasileiros.

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