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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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97O Mundo dos <strong>Trabalhadores</strong> e seus ArquivosAqui se encontra o calcanhar de Aquiles dos centros não tradicionais docomeço dos anos 90: a falta de financiamento estável e de uma institucionalizaçãosuficientemente forte para garantir a sua sobrevivência. O caso mais deprimentetem a ver com o projeto do CEDI de acompanhamento do movimento operáriodo ABC cuja coleção impressionante acabou, no momento da desativação da entidade,sendo destinada não para um arquivo como o Edgard Leuenroth, mas parao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Infelizmente, uma boaparte acabou em mãos alheias, dispersas por causa de disputas sindicais internasvinculadas com uma fusão mal-sucedida entre os sindicatos de Santo André eSão Bernardo. Isso oferece subsídios para uma pergunta fundamental: não seriamelhor reconhecer que as tarefas de organização, preservação e conservação dedocumentação devem ficar com um arquivo profissional com um orçamento umpouco maior e mais estável?Falando dos centros não tradicionais, Khoury classifica as suas atividadescomo sendo uma prática de “documentação como trabalho político”. Dentro daqueletraço comum, Khoury encontrou uma diversidade de orientações e objetivosunificados em torno da ideia fundamental da “documentação e informaçãocomo valiosos instrumentos no seu fazer-se como sujeitos sociais”. Mais uma vez,podemos ver a diferença entre essa abordagem e uma visão mais tradicionalmentemarxista que começa com a classe operária como parte de um sistema e possuindouma consciência de classe conhecido de antemão. Na realidade, aqui podemosvoltar para outra observação de Roberto Cassá em 1992. “Durante largo tiempo”na República Dominicana, “las prioridades que se han fijado los investigadores”estavam mais voltadas para “la dilucidación de problemáticas ‘estruturales’ que la‘acción social’ o la historización de los movimientos sociales. Esto ha favarecidouna focalización de la clase obrera como agregado inserto en una estructura derelaciones de producción” 41 .Essa mudança foi bem captada num ensaio historiográfico pouco conhecidoescrito em 1987 pelas historiadoras mineiras Eliana de Freitas Dutra e Yonnede Souza Grossi 42 .”Os estudos tradicionais que privilegiam a classe operária emsuas representações institucionais (sindicato e partido) são, em parte, resultantesda definição de classe como categoria de agente econômico, à qual correspondequase automaticamente uma consciência”. Mas a nova concepção, agora bemmais hegemônica, utiliza um conceito de classe como sujeito histórico, com umaformação social, cultural, e de gênero que tem que ser investigada empiricamente.Como elas diziam, não devemos “abrir mão de estudos sobre sindicalismo”,mas estamos precisando de “categorias menos abrangentes que as das classes so-

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