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Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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Estado. Paralelamente, no âmbito da Província de Buenos Aires se formava a ComisiónProvincial por la Memoria, integrada por membros desses mesmos organismos, aComisión tomou sob sua responsabilidade a organização do arquivo da Dirección deInteligencia de la Policía de la Provincia de Buenos Aires, “um extenso e pormenorizadoregistro da repressão política contra homens e mulheres ao longo de meio século”.A Comisión foi criada em agosto de 2000 e o arquivo da DIPBA foi aberto à consultapública a partir do ano 2003.Dito isto, no início da recuperada democracia argentina, assistimos à emergência- como parte de um processo mais vasto de elaboração coletiva daexperiência traumática da última ditadura militar - de uma importante massa deliteratura testemunhal sobre as experiências da repressão, o cárcere, a tortura, odesaparecimento e o exílio. O sujeito privilegiado desta literatura não era tanto omilitante na sua prática política, mas como vítima da repressão ilegal, paraestatal.Ainda que fosse óbvio que a vítima era um ativista político, sua experiência militantesó podia aparecer nesta literatura de modo sublimado e elíptico.Só recentemente, no lapso dos últimos dez anos, vimos emergir um novocampo de testemunhos, menos centrados na repressão e cada vez mais nas própriaspráticas militantes das décadas de 1960 e 1970. A militância política começa arecuperar o primeiro plano e pode ser considerada em sua positividade. Aqueleshomens e mulheres cujos rostos e cujos nomes costumeiramente só conhecíamoscomo vítimas da repressão militar ou paraestatal, a partir (aproximadamente) de1996, nós começamos a reconhecê-los como ativos militantes das esquerdas, comsuas siglas, seus periódicos e seus postos específicos de luta. O primeiro momentoteve como livro paradigmático o Nunca más (1984); o segundo momento, os trêslongos volumes de La Voluntad (1997-98).A eclosão desta problemática se manifestou antes no jornalismo de investigaçãodo que na historiografia acadêmica. Ainda assim, neste contexto de crescenteinteresse coletivo pelas experiências do passado recente, muitos historiadores,sociólogos, cientistas políticos, historiadores da arte e outros cientistas sociais,especialmente os das novas gerações, começam a acercar-se profissionalmente àproblemática das experiências militantes desse passado recente.Nos últimos anos, esse renovado interesse pelas experiências militantes dopassado recente começou a projetar-se também sobre um passado mais remotoe temas como a cultura anarquista do começo do século XX, as vicissitudes doscombatentes argentinos na guerra civil espanhola, a experiência do movimentoantifascista ou a formação da “nova esquerda”, ganham progressivamente interesseentre jovens pesquisadores e também dos leitores. Não só foi ampliado o foco de74

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