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Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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lheres, o antifascista das décadas de 1930 e 1940, os movimentos de solidariedadeinternacional (com a Espanha Republicana na década de 1930, com a RevoluçãoCubana na década de 1960), escapam quase que por completo ao horizonte doolhar oficial e, por tanto, também das suas bibliotecas e de seus arquivos. Significativamente,nenhuma Universidade pública, nem sequer a Universidad de BuenosAires, supriu esta ausência.Em segundo lugar, é necessário ressaltar que a produção gráfica dos movimentossociais e das esquerdas costuma adotar características específicas que muitasvezes tornam complexa sua reunião e preservação. A própria condição de órgãos demovimentos emergentes ou contra-hegemônicos, às vezes perseguidos ou reprimidos,os converte em publicações de aparecimento irregular, sujeitas às sucessivasmetamorfoses em seu formato, às mudanças de nome para burlar a censura e inclusiveà aparição clandestina. E as grandes bibliotecas públicas dificilmente colecionampublicações periódicas de aparição irregular, folhetos políticos, documentossindicais e partidários, e menos ainda, panfletos ou cartazes políticos. É evidenteque a descontinuidade institucional sofrida pela Argentina ao longo de boa partedo século XX, agravada pelo terrorismo de Estado conduzido pelo último regimemilitar (1976-1983), tornou ainda mais difícil a tarefa de preservar este tipo defontes históricas. Às vezes os golpes militares vieram acompanhados de verdadeirasrazzias dirigidas não somente contra as bibliotecas pessoais dos militantes, mas tambémcontra as livrarias e bibliotecas.Arquivos estatais / arquivos da sociedadeMas se o AGN se restringiu a ser, no melhor dos casos, a memória do Estado,e se a Biblioteca Nacional se limita a receber, também no melhor dos casos, aspublicações de edição nacional que chegam por depósito legal, existiram ao longodo século XX os que poderíamos denominar bibliotecas e arquivos da sociedadecivil, verdadeiros reservatórios patrimoniais dos movimentos sociais argentinos eque, além do mais, organizaram suas fontes históricas de outro modo, pois observarama sociedade “por baixo”, a partir da ação social e política.A Argentina conta com uma longa tradição de bibliotecas populares, bibliotecasoperárias e arquivos de movimentos sociais, que remonta ao final do séculoXX. Foram as bibliotecas dos sindicatos operários, as bibliotecas socialistas da“Sociedad Luz” e da Casa del Pueblo, assim como as bibliotecas dos centros anarquistas,que contribuíram durante décadas para preservar a memória operária, anarquistae socialista. Os socialistas, sobretudo, fizeram um verdadeiro culto à criação e aobom funcionamento de suas bibliotecas. Ainda assim, ao serem instituições sujeitas68

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