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Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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63O Mundo dos <strong>Trabalhadores</strong> e seus ArquivosBibliotecas e arquivos como “propriedade familiar”Sem dúvida, as grandes bibliotecas privadas representaram um papel decisivona história cultural do nosso país. O seu peso é tamanho que poderia ser escritauma história da cultura argentina, pelo menos da cultura de elite, contando-se ahistória das grandes bibliotecas pessoais. Aceitamos o fato de que na falta de grandesbibliotecas públicas, as bibliotecas privadas tiveram um papel importante nacultura do país. O penoso é que o destino final dessas bibliotecas nem sempre foi oda institucionalização pública. Bibliotecas extraordinárias, que congregavam livrosantigos de enorme valor, coleções de revistas raras, gravações, litografias, mapas,documentos e manuscritos que foram pulverizados em leilões públicos.Muito também ocorreu com os grandes fundos arquivísticos. Em 1917,um número da Revista de Filosofia iniciava com esta reflexão: “A história culturale política do nosso país dorme nos arquivos familiares... O ambiente de escassapreocupação e o melindre dos donos dos arquivos fazem que informações interessantíssimas,que poderiam prestar uma ajuda eficaz para historiadores e sociólogos,sejam esterilizadas empobrecendo a pesquisa científica pelo não acesso a fontespreciosas. Nossa história... não pode, assim, ser escrita”. Lamentavelmente, quasenoventa anos depois, grande parte do patrimônio histórico subsiste sob a forma depatrimônio familiar.Não obstante isso, a responsabilidade hoje é outra: em 1917, a ênfase eracolocada sobre a carência de modernização e de consciência pública das famílias daelite. A revista de José Ingenieros, movida por um ardor modernizador, procuravarecordar que já tinha passado o tempo em que o personagem histórico e o historiadorse confundiam, em que o arquivo histórico e o arquivo familiar eram um só eem que a historia oficial era praticada como a história das grandes famílias patriarcais.Essas famílias deviam aceitar a substituição pelos arquivos e bibliotecas públicase pelos sociólogos e historiadores profissionais, tanto do seu papel de protetores dopatrimônio quanto do papel que desempenharam no oficio de historiadores.Ainda que as áreas de atuação profissional da sociologia e da história tenhamampliado seus espaços desde então e ao longo do século XX, o processo decessão do patrimônio familiar para o espaço público tem sido muito frágil. Muitosarquivos de personalidades da cultura e da política argentina continuam cuidadosamenteresguardados pelos seus descendentes como propriedade familiar: não háespírito de legado, pois os herdeiros não confiam na capacidade das instituiçõespúblicas para resguardá-lo e dispô-lo para consulta. A percepção dos doadores é, aotratarmos dos grandes arquivos e das bibliotecas públicas, que o patrimônio desapareceráentre as engrenagens de uma estrutura burocrática impenetrável; ou, pior,

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