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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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Atraso econômico e subdesenvolvimento culturalComo entender o paradoxo argentino? É necessário começar qualquerexplicação para este atraso servindo-nos do ponto de vista do “fator econômico”:refiro-me à já conhecida limitação do gargalo orçamentário característicode um país de periferia, fato que lhe impossibilitaria obter os recursos necessáriospara a modernização das suas bibliotecas e arquivos públicos. O problemaé que o nosso atraso é evidente não apenas quando somos contrastados com ospaíses poderosos do chamado Primeiro Mundo que destinam recursos significativospara os seus arquivos e bibliotecas, mas também se nos compararmoscom países latino-americanos como o Chile, o Brasil e o México.Em outras palavras: o atraso argentino não se restringe ao plano econômico.No tocante à preservação de nosso patrimônio cultural, somos tambémum país perfeitamente subdesenvolvido. John Holloway tem afirmado, reiteradamente,com razão, que, em um mundo globalizado já não importa tantopara a prosperidade de um país o quanto cada economia nacional produz, massim quanto é capaz de atrair e reter em seu território do capital produzidoglobalmente. Acontece da mesma forma no terreno do patrimônio culturalonde não importa tanto o capital simbólico que sejamos capazes de produzirnacionalmente: o que está em jogo é a nossa capacidade de valorizá-lo como tale, consequentemente, de gerar as condições para preservá-lo e socializá-lo.Os avatares do nosso patrimônio bibliográfico, hemerográfico e arquivísticosão uma prova flagrante desta afirmação. O estado de calamidade nasnossas bibliotecas, hemerotecas e arquivos públicos é o resultado de um processomarcado pela combinação e a amálgama da pior associação de fatores tãodíspares como a ausência de políticas públicas em matéria biblioteconômica earquivística; a descontinuidade institucional do país, que também impactou asbibliotecas e os arquivos públicos; a sua falta de transparência institucional narelação com leitores, doadores e com a sociedade em geral; a ausência de concursospúblicos capazes de incorporar ou promover profissionais competentes;o assalto das instituições realizado por grupos movidos por interesses particularese sindicatos mafiosos que parasitam o Estado; e, last but not least, a falta deorçamento 3 .Há três caminhos possíveis quando não existem políticas públicas ativasorientadas para a preservação deste tipo de patrimônio de importância capitalpara a história de um país: ou ele permanece nas mãos do setor privado; ou eleé adquirido por colecionadores privados; ou é vendido no exterior.62

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