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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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O Mundo dos <strong>Trabalhadores</strong> e seus Arquivosque se viu ao longo dos anos 90 foi um decréscimo deste tipo de prática. Segundodados do Anuário dos <strong>Trabalhadores</strong> DIEESE/2000-2001, em 1996 tivemos umamédia mensal de 111 movimentos grevistas. Quando olhamos os dados para 1999,vemos que tal média se reduz para 46 apenas. Pode-se sentir também uma alteraçãona forma e na temática das greves, que passaram a ser mais localizadas, por empresae de menor duração.Assim, a década de 90, principalmente em sua segunda metade, representoupara os trabalhadores brasileiros um duro revés, colocando na agenda novasquestões e problemas, além de intensificar outros pré-existentes. Porém, seria equivocadoindicar que diante disso, o sindicalismo nacional não tenha buscado alternativas,ampliando pautas e inserindo-se em novos espaços, que lhe permitissemcontinuar existindo e se movimentar em um contexto tão difícil, preparando seucaminho para o século que se abria.Usos do passado, memórias e identidades em dois momentosAo observarmos as duas décadas podemos perceber que o movimentosindical, enfrentando situações distintas, transitou também em regimes de memóriadiferentes. Nos anos de 1980, a partir de enfrentamentos “para fora” com patrões ea ditadura; bem como com tensões “para dentro” com as chamadas “esquerdas tradicionais”,e com apoio de análises e discursos acadêmicos, foi se cunhando a noçãode “novo sindicalismo”. Isso se operou na construção de uma matriz discursivaque não só funcionava para a leitura do presente, mas também de uma construçãoacerca da própria história e memória anteriores do movimento. A constituição deuma identidade de “classe trabalhadora” – ela mesma mais inclusiva do que a játradicional “classe operária” – serviu para incorporar, organizar e galvanizar cadavez mais setores das classes trabalhadoras no Brasil. Aparentemente era bem clara adistinção entre o “nós” e o “eles”.A identidade de uma “nova classe”, sob “novo tipo de organização”, seproduziu, de certa forma, a expensas das trajetórias passadas, vistas como algo “superado”,“pelego”, “velho” e “derrotado”. Tal identidade surgia como se fosse ograu zero, inventando suas tradições. Contudo, dadas as formas de sua produção, elaacabou também por obscurecer muito da trajetória anterior, cuja visão um poucomais desarmada só seria possível em momento posterior, quando essa mesma identidadejá se repensava, frente aos impactos da nova conjuntura que viveria.Esse tipo de construção não impediu, embora talvez tenha limitado, a empreitacom centros de memória. Nos anos 1980, no declínio e depois na saída doperíodo ditatorial, começam a aparecer, por diversos lados, a preocupação com a53

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