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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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entre o PT e outros partidos de esquerda, o Plano Real foi o grande personagem dividindoo espectro político naqueles que eram a favor e aqueles que eram contra o plano.A estabilidade econômica trazida pelo Real garantiu uma votação massiva naquele que,supostamente, teria sido seu criador. Fernando Henrique assumirá como insígnia deseu governo “o fim da era Vargas” e de tudo o que ela representava. Ele se pautaria pelacontinuidade da abertura comercial e das privatizações iniciadas por Fernando Collor,agregando às mesmas a estabilidade econômica, pedra de toque dos seus dois governos(1994/1998 – 1998/2002).Já em seus primeiros meses de mandato, ele enfrentou forte oposição de setoresdo movimento sindical. Com os planos de privatização e quebra de monopólios dosetor estatal, buscados pela via da reforma constitucional, o governo atraiu sobre si umaonda de greves contrária às suas propostas. Em maio de 1995, atendendo aos conclamesda CUT que desejava organizar demonstrações nacionais contra as propostas do governo,paralisaram suas atividades, entre outros, trabalhadores petroleiros, eletricitários,telefônicos e previdenciários.O governo Fernando Henrique, tentando estabelecer de imediato sua linha deconduta frente ao sindicalismo grevista, lança mão de velhos atributos como o corte deponto dos trabalhadores de empresas e repartições públicas paralisados. Porém, novosinstrumentos se associariam a este. Através do Decreto-lei nº 1.480, o governo dispôs asformas pelas quais deveriam ser tratadas as paralisações no serviço público 11 .O enrijecimento do governo frente às greves não terminaria aí. De certa forma,o decreto buscava enfraquecer a greve dos petroleiros que contava com mais de90% de adesão, paralisando dez refinarias em todo o país, e foi contra esta mesma greve,que o governo utilizou todo o seu arsenal de medidas jurídicas, econômicas e até repressivas.Segundo o governo, era necessário dobrar a espinha dorsal de seu principalopositor, o sindicalismo, principalmente aquele ligado à CUT. Por sua importânciasimbólica, o processo no qual a greve dos petroleiros esteve envolvida merece aqui ummaior destaque.As movimentações do governo começaram quando ele foi informado, emmeio ao processo de reforma constitucional, da possibilidade de paralisação dos petroleirosque teriam entre seus objetivos protestar contra a quebra do monopólio estatal dopetróleo. A Petrobrás, por estar no centro da paralisação, serviu de pivô para a estratégiade resistência: transferiu combustível para as empresas privadas de distribuição (o quegarantiria o fornecimento emergencial), importou petróleo e seus derivados, agencioua contratação de funcionários aposentados, bem como deixou acertada a possibilidadede receber mão-de-obra qualificada do exterior a partir das matrizes multinacionais.Ao longo de todo o mês de maio, os petroleiros, capitaneados pela Fede-50

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