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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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O Mundo dos <strong>Trabalhadores</strong> e seus ArquivosOs aspectos apontados acima e que certamente estão longe de esgotar oquadro de temas passíveis de serem abordados, tem como um de seus desdobramentosa idéia de que a face rural do Brasil tem se mostrado dinâmica, afirmadorade valores que se relacionam com as grandes bandeiras dos movimentos sociaiscontemporâneos. Dessa perspectiva, traz desafios importantes quando se fala em “omundo dos trabalhadores e seus arquivos”, na medida em que exigem seu reconhecimentono mundo do trabalho, mas afirmando sua diversidade.Notas1“La historia de los grupos sociales subalternos es necessariamente disgregada y episódica. No hayduda de que en la actividad histórica de estos grupos hay una tendencia a la unificación, aunque sea aniveles provisionales; pero esa tendencia se rompe constantemente por la iniciativa de los grupos dirigentesy, por tanto, sólo es posible mostrar su existencia cuando se ha consumado ya el ciclo histórico,y siempre que esa conclusión hay sido un éxito….Por eso todo indicio de iniciativa autonoma de losgrupos subalternos tiene que ser de inestimable valor para el historiador integral; de ello se desprendeque una historia asi no puede tratarse más que monograficamente, y que cada monografía exige uncúmulo grandíssimo de materiales a menudo difíceles de encontrar”. (GRAMSCI, 1977: 493).2O artigo de Lygia Sigaud, “Para que serve conhecer o campo”, embora escrito já há alguns anos, teminteressantes reflexões sobre as diferentes contribuições que os estudos sobre o “rural” produziram, emespecial sobre as facetas que permitiram desvelar desse universo. Ver SIGAUD (1992).3A título de exemplo, podemos citar a “História dos Movimentos Sociais no Campo”, por mim escritasob encomenda da Fase (Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional), organizaçãonão governamental com forte atuação junto às organizações de trabalhadores no campo nos anos 70e 80. O texto, em linguagem simples, buscava trazer os percursos da história dos trabalhadores docampo desde os anos 1940. Também o MST (Movimentos dos <strong>Trabalhadores</strong> Rurais sem Terra), nosseus cursos de formação, tem mostrado uma especial preocupação com o resgate das lutas dos trabalhadorese patrocinou a publicação de um livro a respeito, visando a formação de jovens, bem comouma coleção, organizada por uma de suas principais lideranças, João Pedro Stedile, recuperando tesese documentos históricos sobre a questão agrária no Brasil. Ver: MEDEIROS (1989); MORIZAWA(2001); STEDILE (2005 e 2006).4Ao longo dos anos 70, as lutas por terra ocorriam em todo o país. A ação sindical sobre elas eracaracterizada pela denúncia e demandas por desapropriação nos termos do Estatuto da Terra. Numcontexto de forte repressão e de reestruturação do sindicalismo, essas demandas se faziam basicamentepelo encaminhamento de relatórios detalhados sobre os conflitos aos diferentes organismos governamentais(Incra, ministérios, Presidência da República). Em alguns casos, ações na justiça tentavammanter os trabalhadores na terra, frente à ameaça de expulsão. Na segunda metade dos anos 70,começaram a se estruturar oposições sindicais que questionavam esses procedimentos, consideradosextremamente legalistas e buscavam ações mais incisivas. É desse caldo de cultura, onde a ComissãoPastoral da Terra teve um papel central, que nascem as ocupações de terra que, em meados dos anos1980, deram origem ao MST.5Embora os trabalhadores urbanos tivessem esses direitos reconhecidos, os do campo não eramabrangidos em razão da necessidade de regulamentar alguns itens da CLT (Consolidação das Leis doTrabalho). As entidades de representação patronal opunham-se fortemente a isso, sob o argumentode que tal medida levaria ao campo formatos de organização e relação estranhos às suas tradições. Aregulamentação do direito à sindicalização só foi possível em 1962 e a extensão de direitos trabalhistasem 1963, com o Estatuto do Trabalhador Rural.6De acordo com o já clássico ensaio de José de Souza Martins, tratava-se do lugar do campesinato noprojeto “dos outros”. Embora o autor tenha razão em suas argumentações, é interessante pensar no39

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