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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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37O Mundo dos <strong>Trabalhadores</strong> e seus Arquivosmentos de luta pela terra que existem país afora e outros), há algo em comum: aafirmação da possibilidade de um modelo de desenvolvimento cujo suporte sejaum tipo de agricultura fundada na lógica das necessidades de reprodução da famíliae não a baseada na produção em grandes extensões de terra.- paralelo a isso, há uma recusa do rural como lugar do atraso. Uma das facesdas reivindicações das diferentes organizações do campo é a de transformar esseespaço num lugar que também seja de acesso à cidadania. Talvez a dimensão maissignificativa dessa luta seja toda a movimentação em torno de projetos de educaçãopara o campo, que pregam a construção de uma escola e de um processo pedagógicoque opere sob a lógica da valorização do campo e de sua cultura, das suas formaspróprias de uso do tempo (por meio da introdução do modelo da pedagogia daalternância). Essa reconfiguração de significados do rural vem sendo acompanhadade toda uma atenção com a juventude, que é mais sensível aos apelos da vida urbanae que tem sido mais intensamente atingida pelo êxodo rural.- a criação de assentamentos de trabalhadores, a partir das lutas por terra, produza possibilidade de discussão sobre o significado e as implicações das políticasfundiárias de caráter redistributivo. Com isso, as interpretações sobre os resultadosdos assentamentos alimentam disputas e controvérsias sobre as potencialidades dareforma agrária como um instrumento de redução de desigualdades econômicase sociais.- a reconfiguração das oposições que marcam o debate sobre a questãofundiária: se até o início dos anos 2000, ainda se falava no “latifúndio” como ogrande opositor da luta por terra, nos anos 2000 ele é substituído pela categoria“agronegócio”, que corresponde à percepção do novo empreendimento agropecuário,onde a atividade agrícola é apenas uma das facetas. Desse empreendimentotambém fazem parte a produção de insumos, a pesquisa, as empresas de processamentoe comercialização, as exportadoras. Embora esse fenômeno já fosse visívelno final dos anos 1970 e, desde então, venha sendo bastante estudado no campoacadêmico, é na década de 1990 que ele emerge como categoria política, primeiroutilizado pelos empresários para chamar a atenção para a novidade que representam(e, sem dúvida, isso tem relação com o acirramento das lutas pela terra), depoispelo MST. Com essa reconfiguração, as lutas por terra caminham em dois planos:o da luta pelo acesso, que mobiliza trabalhadores de diversos pontos de país paraengrossar acampamentos e ocupações e o da luta política cujo alvo são as grandesempresas, como o demonstram os ataques a grupos econômicos que estão no coraçãodo agronegócio, como é o caso da Monsanto, Syngenta, Cargill, etc.- aparecimento de novos segmentos de trabalhadores extremamente espe-

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