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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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35O Mundo dos <strong>Trabalhadores</strong> e seus Arquivose, nas suas lutas, gerando também associações com formato próprio, dando destaqueà presença das mulheres;- mulheres se organizando tanto nos sindicatos como nos “movimentos” em buscade igualdade de direitos em relação aos homens, em especial no que se refere aoacesso à terra. Nesse processo, passaram a questionar tradicionais arranjos das atividadesdomésticas, direitos costumeiros de herança, etc.A essas lutas relacionadas à construção de identidades políticas, somavamseas experiências de busca de melhores condições de produção e venda de produtos,dando origem às cooperativas de produção, de crédito, associações de produtores,condomínios, etc. Intercruzando essas iniciativas, também cresceram lutas pordireitos previdenciários, que estiveram na base do sistema especial de previdênciarural, consagrado na Constituição de 1988. Para complexificar ainda mais o quadro,surgiram, ao lado de experiências não sindicais, experimentos organizativos sindicaisque questionam o modelo de sindicalismo existente. É o caso dos que vão seautodenominar, nos anos 1980, os “rurais da CUT” e que passaram a fazer, durantetoda essa década, sistemática oposição ao sindicalismo contaguiano 11 .Essa multiplicação de identidades e organizações implicou em uma competiçãomais ou menos velada com o sindicalismo ligado à Contag, que, por suavez, tinha um papel importante nas mobilizações por melhores preços para os produtosagrícolas, com fechamento de estradas e ocupações de praças, e dos assalariadosrurais, promovendo greves que reuniam milhares de trabalhadores, em especialcanavieiros. Também permanecia presente nas resistências de posseiros que lutavampor permanecer na terra de que estavam sendo expulsos.Foram diversas as redes que constituíram, se entrelaçaram e se opuseramnesse processo intenso de mobilização e disputa, assim como foram múltiplos osseus resultados, em termos demandas e de afirmação de repertórios de ação (Tilly,1999) 12 . Em linhas gerais, pode-se dizer que foi um período de um grande impulsopolítico no meio rural e que se somava à energia trazida pela emergência de diversosmovimentos sociais e da renovação pela qual passava o sindicalismo (tantourbano quanto rural).Paralelamente, surgiram novos padrões de ação. No caso do MST, sua notoriedadee reconhecimento político se fizeram menos por ter a reforma agrária eda luta por terra como seu mote (a Contag também a defendia ardorosamente), emuito mais pelas formas de luta que escolheu: os acampamentos, ocupações, marchas,aumentando a visibilidade de suas demandas e recolocando a questão agrária na ordemdo dia, em termos distintos do que era proposto nas décadas anteriores. Alémdisso, desde os anos 1990, o MST tem procurado afirmar a questão agrária em

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