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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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Do que nos interessa ressaltar aqui, o período que antecede o golpe militarfoi marcado por intensos conflitos, pela construção de identidades políticas e peloreconhecimento de grupos sociais e bandeiras de luta, tais como a reforma agrária,sob o lema da “terra para quem nela trabalha”, direitos trabalhistas e direitos de organizaçãosindical 5 . No geral, a literatura privilegiou mais a dimensão organizativado que propriamente a formação desses grupos sociais, a forma como se constituírampoliticamente e o significado e contexto das demandas que emergiam.As poucas fontes organizadas de que se dispõe são os jornais da esquerdada época e alguns depoimentos colhidos (a maior parte deles de lideranças). Há umdesafio pela frente de leitura a contrapelo das fontes existentes e de busca de novasfontes para aprofundar o conhecimento do que era efetivamente o “campesinato”que se mobilizava, a diversidade das suas formas nas diferentes regiões do país.Tudo parece indicar que nesses anos se configura uma nova forma deaparecer dos trabalhadores do campo, que passam a falar a linguagem das leis e dosdireitos e a se colocar como parte de um processo de mudança social que teriana reforma agrária um de seus vetores. É o momento em que a figura do “jeca”,do “caipira”, começa a ser questionada para dar lugar, no vocabulário político, ao“camponês”, com toda a carga que esse termo trazia numa época em que se difundiao maoísmo e o fanonismo. Embora fossem localizados e pontuais, os encontros,congressos, reuniões, publicações produziam a possibilidade de uma unificaçãoem torno de uma categoria eminentemente política (camponês), que buscava umprotagonismo no processo de transformação que as esquerdas desejavam (Martins,1981; Medeiros, 1995) 6 .3. Do camponês ao trabalhador ruralApós o golpe militar de março de 1964, as identidades políticas em construçãono período anterior, em especial a de “camponês”, foram censuradas e desfizeram-sesob o peso do medo da repressão que, se já era uma presença constanterondando as experiências emergentes de organização 7 , intensificou-se muito. Asorganizações sindicais, ainda em fase incipiente, sofreram intervenção e foram expurgadasde suas principais lideranças. No entanto, desde o final dos anos 1960 e aolongo da década de 1970, lentamente se recompuseram, após a “retomada” de suaprincipal organização por dirigentes herdeiros das tradições anteriores (Palmeira,1985) 8 . Sob hegemonia da Contag, entidade de nível superior na estrutura sindical,procurou-se reconstruir a malha sindical pré-existente, criar novos sindicatos e difundirentre os trabalhadores do campo as leis que lhes garantiam direitos básicos(Estatuto do Trabalhador Rural, Estatuto da Terra, direito à sindicalização, entre32

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