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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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O Mundo dos <strong>Trabalhadores</strong> e seus Arquivosb) os esforços de recuperação da memória de conjunturas específicas, que podemcontribuir e muito para o entendimento das lutas no campo. É o caso dos projetos“Memória do Incra” e “Memória do I PNRA”, coordenado por Abdias Vilar deCarvalho, Antonio Pompeu Braga e Regina Ângela Landim Bruno, com patrocíniodo Nead/MDA.c) a constituição de acervos documentais sobre as lutas no campo, como é o casodo Núcleo de Pesquisa, Documentação e Referência sobre Movimentos Sociaise Políticas Públicas no Campo do CPDA/UFRRJ; de acervos referentes ao temaem arquivos como os do Arquivo Edgard Lewenroth, na Unicamp, do CEDEM daUnesp e vários outros acervos organizados em diversas universidades do país.Nas partes que se seguem, vamos, de forma sintética, apresentar alguns traçosdas lutas no campo nos últimos 50 anos, de forma a ressaltar seus personagenscentrais, para, ao final, apresentar algumas dificuldades metodológicas inerentes àcategorização do que é o “campo” hoje.2. As lutas no campo nos anos 1950/1960: de “lavradores” a “camponeses”Embora muitas vezes reduzido, pela literatura acadêmica não especializada,às Ligas Camponesas do Nordeste, o período que vai de 1945 a 1964 foi fértil emmobilizações dos trabalhadores do campo em diversos pontos do Nordeste, da regiãoNorte, do Centro Oeste, Sudeste e Sul. Tratava-se, antes de mais nada, de lutasde resistência na terra, entremeadas, em algumas regiões, como é o caso de São Pauloe Zona da Mata pernambucana, onde era forte a presença de lavouras comerciaisvoltadas de exportação (cana, café), pela presença de greves. Longe de correspondera demandas de segmentos distintos, muitas vezes essas lutas se combinavam. Nemas lutas salariais eram estritamente por salário, pois seus personagens tinham laçoscom a terra e passavam de uma demanda a outra, dependendo das conjunturas, nemtodas as lutas por terra resumiam-se às ações de resistência à expulsão. Ou seja, sepressupusermos separações rígidas entre “camponeses” e “assalariados”, ou entre“arrendatários”, “parceiros” e “posseiros” pouco entenderemos da complexidadeassumida pelas lutas no campo nesse período. Também não conseguiremos compreenderporque a categoria “latifúndio”, introduzida no discurso político pelasforças mais organizadas que buscavam atuar na organização dos trabalhadores rurais(entre elas, o Partido Comunista Brasileiro), foi capaz de se constituir como umapalavra síntese, que juntava proprietários de grandes fazendas de cana, algodão oucafé, “grileiros”, pecuaristas e aqueles que buscavam a terra para fins especulativos.Não por acaso, o termo passou a ser sinônimo não só de grandes extensões de terra,mas também de relações de poder, de violência (Palmeira, 1971; Novaes, 1997).31

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