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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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23O Mundo dos <strong>Trabalhadores</strong> e seus Arquivosregimes políticos, paradoxalmente o registro de muitos de seus passos se conservaem arquivos pessoais e no sigilo de seus atores.É necessário estar sempre dispostos a desentranhar os fatos sociais relevantes,vinculados à democracia política e aos desenhos constitucionais de nossos Estados.Mas, a partir da documentação dos trabalhadores e das resenhas de suas lutas,podemos muito bem retomar a história atrás da história, que nos mostre quanto dosatrasos sociais atuais também se foram gerando em condições antidemocráticas dentrodas organizações sindicais e em tensões políticas, com um itinerário favorecedorda repressão e das rupturas por defeitos de representação. Como sabemos bem, nãoestamos falando de um mal menor na dinâmica pública de nossos grêmios.Ainda que, para nossos propósitos, convenha lembrar que muitas das sagasoperárias ainda se encontram nas mãos de particulares, com os riscos de se dispersarou ser destruídas, além das já conhecidas apropriações documentais realizadaspor instituições universitárias de países com recursos para fazê-lo, obcecadascomo estão pela acumulação do patrimônio cultural alheio, também é precisotomar ações concretas para atenuar esta situação. A micro-história das empresasconstitui, juntamente com a dos sindicatos, as pedras angulares da informaçãometodológica sobre a evolução das cadeias produtivas e seu papel na emancipaçãoeconômica de nossos países. Sem lugar a dúvidas, é desejável, antes deconcluir nossos trabalhos, assumir acordos orientados à recuperação da memória,sem arrefecer diante das tarefas do expurgo e da descrição, além do suporte paraseu resguardo. Manter a integridade física e o acesso funcional destes arquivosé também parte de uma transparência para a qual devemos colaborar, e abrir asportas a uma sociedade informada, não só dos fatos recentes, que necessitam umaimediata valoração, como também dos dados do passado, nos quais se revelam restriçõesao exercício de liberdades constitucionais e direitos trabalhistas, violênciae impunidade, o que nos ensinaria a não cair em condições históricas superadaspor reedições indesejáveis do autoritarismo.Façamos, pois, deste seminário uma trilha de cooperação institucional. Areorganização dos arquivos públicos exige superar os monopólios da interpretaçãoe a reivindicação de páginas onde a biografia e a crônica podem ter um destino eum papel social atualizado, sempre favorável à reinterpretação atrevida e fresca dosfatos. Para restaurar a posse imaterial do passado como conhecimento e força deidentidade, é necessário reconhecer os novos sujeitos da historiografia, tecer os fiosrotos das estruturas paralelas, não sucumbir à virulência dos credos tribais e tornarpossível a livre interpretação universal das folhas soltas dos operários. Não se tratade uma desmesura, mas sim de caminhar pelas ruas interiores usualmente alheias

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