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Trabalhadores

Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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pesquisa e a análise, como, no plano documental, a consideração da lógica internade organização de informações e coleções de militantes ou institucionais. Numcenário em que ocorreram profundas mudanças no mundo do trabalho 4 , por forçados ajustes capitalistas e na tentativa de desregulamentação das relações trabalhistas 5 ,a “tradição”, mais do que representar o atraso, pode se revelar força ativa na defesade direitos históricos duramente conquistados. Preservá-la é garantir à sociedade eaos grupos sociais que a produziram, ou que a eles se seguiram ou seguirão, a liberdadenecessária para apreciá-la e orientar criticamente suas futuras ações.Neste sentido, a década de 70 do século passado constitui um marco significativo.Inaugurava-se um período de expansão da pesquisa empírica de cunhomais social, com a criação, no país, de cursos de pós-graduação em ciências sociaise história. Os trabalhadores - investigados até então por poucos, embora bons, estudosacadêmicos 6 - tornavam-se progressivamente um importante objeto de análisesociológica, o que sem dúvida refletia o contexto de gradual abertura política doregime militar, das greves operárias antes e depois de 1978, do novo sindicalismo e dafundação do PT e da CUT, em 1980 e 1983, respectivamente.Nestes anos começam a se constituir também diversos projetos de preservaçãoe organização de documentos referentes à memória do movimento operárioe das organizações sindicais, assim como de partidos políticos de esquerda, objetivandoprincipalmente a reconstrução de uma história coletiva. O Arquivo de MemóriaOperária do Rio de Janeiro (AMORJ), criado em 1987, se juntou a outrasiniciativas pioneiras que visavam o “resgate” da memória política e sindical dostrabalhadores brasileiros, como o AEL e o CEDEM, só para citar dois exemplos.Desde o início dos anos 80, a problemática da preservação da memóriae de documentos históricos, particularmente dos trabalhadores, vinha sendo discutidapor professores preocupados com a questão, pois não havia até então umapolítica institucional para gestão deste tipo de documentação no âmbito público.A política de preservação de documentos públicos, de um modo geral, não estavadefinida, apesar de várias propostas e esforços, principalmente por parte do ArquivoNacional, que defendia uma política nacional de arquivos. Por outro lado, a documentaçãohistórica, na qual podemos incluir a dos movimentos operários e políticosde esquerda, não tinha um tratamento técnico adequado. Além disso, havia asexperiências das décadas de 60 e 70, quando a documentação referente à organizaçãosindical e político-partidária dos trabalhadores ficou sob sérias ameaças, tendoque, em vários casos, ser retirada do país para ser preservada, como foram os casodas coleções de Astrojildo Pereira e de Roberto Morena 7 depositadas em Milãoe arquivadas pelo Archivio Storico del Movimento Operaio Brasiliano (ASMOB).226

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