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Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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A presença de Zeferino Vaz na reitoria da UNICAMP com osvínculos com seus amigos humanistas da USP e das ciênciasexatas da FAPESP, especialmente Oscar Sala, que foi quemdeu o dinheiro para este arquivo ser comprado, tornaram possívelem plena ditadura militar, em uma universidade bastantevigiada – nos lembramos que dávamos aulas com a presençade agentes do SNI e vivíamos sob ameaças de bombas e incêndio8 .A transferência da documentação do anarquista militante do movimentooperário para uma instituição pública em plena ditadura militar, financiado comrecursos públicos, que se propunha a estudar a organização operária em nosso país,parecia algo impossível. E lembrou ainda – agora sob risos – que,[...] exatamente nesta época, o eminente historiador comunistainglês, Eric Hobsbawn em visita à UNICAMP, em 1975, ouviudo professor Zeferino: — O senhor está vendo professor, todoscomunistas... todos comunistas mas extremamente competentes!...Quando para o professor inglês, seriam todos ‘camaradas’,e arremata o professor Pinheiro: ninguém enganavaZeferino, ele sabia exatamente o que estava fazendo 9 .Certamente as relações políticas e pessoais do professor Zeferino Vaz comSevero Gomes, então nomeado ministro da Indústria e Comércio do governo dogeneral Médici, em 1974, pesaram a favor do pedido de apoio ao primeiro projetode financiamento para pesquisa no AEL: “Imagens e História da Industrializaçãono Brasil (1889-1945)”, sob responsabilidade do professor Paulo Sérgio Pinheiro,financiado pelo Ministério da Indústria e Comércio, no período de dezembro de1975 a abril de 1977. O apoio financeiro ao projeto possibilitou ampliar a recuperaçãode fontes para a história do movimento operário, nos “melhores” momentosda ditadura militar: “como estudar a industrialização sem olhar para os operários”,justificava o ministro Severo Gomes, pessoalmente, ao presidente Médici, relatouPaulo Sérgio.Na sequência, em 15 de outubro de 1975, a FAPESP outorgava a quantia de52 mil e 200 cruzeiros para a organização do acervo, “no sentido de constituiçãodo Centro de Documentação para Estudos Brasileiros do IFCH” 10 .Em meio a todas estas operações, depois de adquirido parte do que era oarquivo pessoal de Edgard Leuenroth (jornais, revistas, livros, folhetos e uma coleçãode postais), o acervo permaneceu de certa forma escondido, nas palavras o216

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