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Livro O Mundo dos Trabalhadores e seus arquivos - Arquivo Nacional

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se iniciou a formação do Centro de Documentação Social, inicialmente Centrode Documentação do Sindicalismo (doravante CDS), que será apresentado nestetexto. Escolhemos esta designação para o trabalho, pois ela representa bem os personagensque habitam o “nosso” arquivo, sendo que muitos deles são os mesmosexaminados por Sader. Personagens, hoje, já não tão novos, já “históricos”, mas que,sem dúvida, percebiam--se e eram percebidos como novidades no momento emque produziram os registros abrigados no CDS.A exposição foi dividida em três momentos. No primeiro, propomos algumasreflexões mais gerais sobre o caráter dos arquivos constituídos pelos movimentossociais que despontaram naquela conjuntura. A seguir, tratamos especificamentedo processo de formação do CDS. Por fim, apresentamos a organização atual desteCentro de Documentação.O CDS como monumentoTodo arquivo é um monumento, no sentido proposto pelo historiadorJacques Le Goff, ou seja, “[...] liga-se ao poder de perpetuação, voluntária ou involuntária,das sociedades históricas (é um legado à memória coletiva) [...]”. Estepoder de perpetuação, certamente, não está distribuído de maneira uniforme nassociedades, pois nem todos os grupos têm as mesmas condições de legar à posteridadeos seus registros, as suas lembranças, os seus monumentos. Afinal, aindasegundo Le Goff, “o documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado,é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças queaí detinham o poder” 4 .De maneira geral, são os grupos dominantes que conseguem dotar demaior solidez e durabilidade os seus monumentos, enquadrando uma memória quese projeta para o futuro como memória coletiva. Nesse processo de enquadramento,o Estado desempenha um papel fundamental ao selecionar determinados vestígiosdo passado como aqueles capazes de representar toda uma coletividade. Issose mostra ainda mais evidente nos períodos ditatoriais, quando se procura apagar– normalmente em nome de uma suposta unidade nacional – todas as lembrançasalternativas e controlar os meios de produção e circulação das representações sociais.Contudo, as memórias proibidas, clandestinas não desaparecem; elas continuama circular em redes informais, no âmbito do privado, “[...] esperando a hora da verdadee da redistribuição das cartas políticas e ideológicas”. Tal processo foi examinadopelo sociólogo Michael Pollak na antiga União Soviética. Lá, com a glasnoste a perestroika, ocorreu a “[...] irrupção de ressentimentos acumulados no tempo ede uma memória da dominação e de sofrimentos que jamais puderam se exprimir202

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