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seleção de textos, fotos, quadrinhos e repressão - Memórias ...

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situação e para cada seqüência cronológicasignificativas forma que reúne oselementos dispersos, ou que faz de umaseqüência aleatória, uma melodia musical.É fácil perceber que a Inteligência sefixa em sistemas, assim como os instintos.No dicionário psicanalítico, osneuróticos se fixam em personagens ouse imobilizam em alguma etapa dodesenvolvimento, transformando-se emesquemas repetitivos de comportamento,em esquemas repetitivos de anseios etemores.Na verdade, entre a música clara maisinexprirnível dos afetos e dos instintos, ea escrita musical enigmática da Inteligência,existem correspondências profundase equívocas.Estar fixado a um sistema e acreditarque elè seja a verdade ou a cerdade principal,é tão pueril como esperar quetodas as mulheres se comportam comominha mãe e todos os homens comomeu pai.Dentro do sistema estruturalista, aduas coisas são idênticas, compõenujmasó estrutura instintivo-intelectual.Todo homem que tem fé ou julgaracionalmente demonstrável um sistemacom esquema de explicação do Universo,é... Edipiano! O sistema é seu pai e édesta fonte que ele obtém alguma espéciede segurança e proteção.UM EXEMPLOExemplo flagrante do predomínio absurdodo pensamento coletivo sobre a percepçãoindividual, têmo-lo naquilo quese refere ao medo de morrer.. Toda pessoadada a alguma espécie de aventura,desde conquistas amorosas até pilotagemde avião, carro de corrida ou motocicleta,é insistentemente admoestadapelos seus inimigos familiares. "Olha,você morre! Olha o desastre! Olha o tirodo marido ciumento!"Ninguém pára para pensar naquiloque é do seu conhecimento e que muitasvezes foi de sua percepção - na pessoade parentes ou amigos: a chamadamorte natural é sempre mais cruel que amais cruel quadrilha de contrabandistas,ou do que qualquer Polícia Secreta domundo. Todas as mortes naturais sãolentas, cheias de dores, cheias de emoçõespenosas, tanto para a pessoa quantopara os próximos, todas lentamentemutilantese incapacitantes. Não se tratade uma razão genérica. A arteriosclerosemata devagarinho, pouco a pouco aolongo de 20 anos ou mais, mutilandoperceptivelmente um pouco mais cadamês que passa. O câncer não precisa depoeta para lhe cantar os horrores - ou alentidão. As moléstias pulmonares crônicassão lima coisa espantosa de se verede se ouvir. Os derrames cerebraisfabricam em série vegetais e idiotas. Oenfarto do miocárdro por vezes é clemente- quando mata na primeira vez -antes de a pessoa saber que estava ameaçada.Quando a pessoa sabe antes ou vaitendo enfartes sucessivos, é difícil imaginaragònia pior.Estas são as principais mortes naturais...Pior que tudo isso e causa complementarde todo este horror, é o medocrônico em que as pessoas estão submersas:medo da miséria, medo do vagabundo,medo de que o marido vá embora,medo-de que o amor acabe, medo deque o cachorrinho seja roubado, medode que o outro empresário tambémcompre uma Mercedes...A alegria de viver é muito definidamentepropaganda de filme americano.Depois nos surpreende demais a inteligênciados chineses - os antigos - queacompanhavam os mortos com cânticosfestivos, bandeirinhas, fogos de artifício...CONCLUSÃOSeguindo fielmente os termos consagradosna Jurisprudência Eterna: se éevidente, como evidente parece, tudoquando foi dito, declarado, explicado eestabelecido, então é bom que os psicoterapeutásdo mundo comecem a estudarum pouco de Lógica - eles também.E como convém aos tempos quecorrem será necessário, recomendávele benéfico que eles sejam informados arespeito das muitas espécies de lógica ede coerência legitimamente aceitas ereconhecidas. ,Será de extrema importância que osíerapeutas comecem a falar menos emrepressões dos instintos e frustrações dosdesejos, e comecem a falar um pouco,mais da burrice de todos, que não é frutode uma natureza ingrata mas de umasociedade estúpida.Que os ditos psicoterapeutas percamsua pureza'virginál que dé há muito e atodo preço defendem, quando pretendem,insistem e repetem que opsicoterapeutanão ensina nada pará ninguém,que Psicoterapia não é um aprendizado,que o divã não é uma Escola, que a safade grupo não é uma sala de aula.Melhor ainda seria - mas agora já éesperar demais - que os terapeutas nãoformassem eles mesmos coletividadesde indivíduos eruditos, sábios e conhecedoresdas coisas humanas, que vivemrepetindo entre si, uns para os outros, asmesmas verdades sediças e a sabença jámofada do grande mestre que falouassim e assim. Porque, de acordo comum tipo de coerência que, por sinal, évelha mas é muito boa, sopodemos ensinaro que sabemos - consciente ouinconscientemente! Se sou psicoterapeuta,se ensino com todo cuidado asverdades da minha fé para todos os meusclientes, dizendo primeiro que nãoestou ensinando e, depois, que nãotenho fé nenhuma, então estarei sendode todo idêntico ao querido papaizinho,à não menos querida professora e aosqueridíssimos Princípios Fundamentaisda Tradição que nos gerou!Seria muito bom enfim se as Escolasdeixassem de ser Esèolas e se os Laresdeixassem de ser Lares, para que a gentecomeçasse a conversar uns com ououtros, para que a gente começasse adizer o que vem na cabeça e ouvir quevem da cabeça do outro, para a gentecomeçar a descobrir novos pensamentose a ver o pensamento dó outro - que ébem diferente do meu - mas nem porisso eu preciso esganar ele.Em suma e transformando todo o longoe clássico arrazoado numa verdadecomezinha e prática, aconselhamosassim: que quando estiverem juntos,falem todos sozinhos - em voz alta,porém.Será muito interessante.Não parece. Mas será a maior de todasas Revoluções.

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