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VAN GOGH ASSASSINADO! NA LOUCA 29 ANOS NUM ENLOUOUECEU? MÃTA! SEXO

van gogh assassinado! - Memórias Reveladas

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O título é um poema do poetaCarlos, que você vai conhecer já.É o poema preferido de Nise daSilveira, diretora da Terapia Ocupacionaldo hospital Pedro II, noRio, que assina o 19 texto destaspáginas: ela fala sobre o artistaque todos nós somos. E apresentaalguns trabalhos de seus hóspedes— expostos no Museu das Imagensdo Inconsciente, por ela fundadohá 28 anos.O diretor do Museu de ArteModerna de S. Paulo visitou o estúdiode pintura e escultura do CentroPsiquia'trico do Rio e não teve dúvidaem atribuir valor artístico verdadeiro amuitas das obras realizadas por homense mulheres ali internados. Talvez estaopinião de um conhecedor de artedeixe muita gente surpreendida eperturbada. É que os loucos sãoconsiderados comumente seresembrutecidos e absurdos. Custaráadmitir que indivíduos assim rotuladosem hospícios sejam capazes de realizaralguma coisa comparável às criações delegítimos artistas — que se afirmemjusto no domínio da arte, a mais altaatividade humana.Examinemos de perto se de fatoloucos e normais s-ãofundamentalmente diferentes.Todos temos a experiência dosonho. Nos seus breves instantespodem ser vividos os mais recônditos eimpossíveis desejos, encontram meio deexpressão nossas tendências maisprofundas. Através do sonhomanifesta-se o inconsciente, usando avelha língua das imagens em estranhasfiguras, umas servem de máscara aoutras, representam muitas de maneiraconstante os mesmos pensamentoscomo nos hieróglifos. Mas apenas seabrem os olhos voltam todas para seumundo subterrâneo. Os delírios, se osestudamos atentamente, são de certomodo sonhos prolongando-se pelaEU NÃO PERGUNTARIA VIDA?EU LEMBRARIA A VIDA...vigília. Na sua trama de idéias ilógicas,encaradas do ponto de vista do adultocivilizado desperto, descobriremos osentido da realização de desejos talqual no sonho, sob o disfarce dosmesmos mecanismos psicológicos.Os adeptos de certas religiões dooriente costumam concentrar-se emlongas meditações durante as quaisacontece não raro que os pensamentosse tornam visíveis, adquiram forma ecor. Se estes fenômenos se firmassemnuma condição permanente seria difícildistingui-los de sintomas psicóticos.Entretanto, o adepto foi instruído deque essas formas e cores são vaziasainda quando representem deuses ouancestrais. Após as intensasexperiências das horas de meditação,ele retoma suas ocupações diárias semque ninguém conheça os segredos desua vida interior. Por tudo quanto dizou faz é um homem sensato e sábio.O artista é certamente um serextraordinário. Seus fortes impulsosinstintivos não se amoldam aoprincípio da realictede. Insatisfeito erebelde foge para o mundo da fantasia,onde lhe é dado viver seus desejoslivremente. Mas vínculos de amor,exigente necessidade de comunicaçãocom seus semelhantes, o atraem denovo ao mundo. E ele retorna,trazendo-nos a dádiva de suas aventurassubjetivas, que apresenta ora quasenuas ora complicadamente veladas.Parece mesmo encontrar prazer emexibi-las; alegra-se quando os outros osntendem e o aplaudem. A atividadeartística seria pois "caminho de voltaque conduz da fantasia a realidade"(Freud).Outros seres igualmente entram emconflito com o mundo exterior e seevadem para reinos imaginários. Mas aíse perdem. Neles, as produções dafantasia tornam-se mais vivas, maispoderosas que as coisas objetivas.Invadem a esfera da consciência comtanta força que o indivíduo já não asdistingue das experiências reais. Perturbam-seassim suas relações com o meiosocial — passam a ser chamados loucos.Outra prova de que apenas questãode grau, de permanência ou transitoriedadeem estados semelhantes diferenciamnormais de psicóticos é estaprópria exposição. Por que vos emocionaiscontemplando estes desenhos,estas pinturas e esculturas? Decerto,entre os motivos de vossa emoção, estáque eles despertam • ressonâncias, quefazem vibrar em cada um cordas afins.Este é um dos caminhos pelos quais asobras de arte nos atingem. Se Hamletcontinua através dos séculos abalandoprofundamepte os públicos do mundointeiro, explica a psicanálise, é que oforte sopro dessa tragédia toca emcheio o complexo de incesto comum atodos os seres humanos. Os poetasouvem as vozes abafadas do inconscientee exprimem para os demais seusoprimidos desejos. Parecem mesmohaver herdado de Homero o privilégiode descer aos infernos e voltar à luz dosol contando aos mortais o que viramnaquelas regiões tenebrosas. AssimFausto, ansioso de evocar Helena,mergulha no mais profundo dos abismos,onde habitam as figuras primígenasdas mães. E o estremecimento demedo que sente ante essas deusaspoderosas ao redor de quem se movemas imagens da vida comunica-se aoleitor do drama imortal. Estes mesmosarquétipos que do inconsciente coletivoemergem como relâmpagos nas visõesde poetas, de pintores, vêm constituiro conteúdo avassalador de neuroses epsicoses.Talvez muitas das obras aqui apresentadascausem a impressão de estranhezainquietante que acompanha amanifestação de coisas conhecidas nopassado, porém que jaziam ocultas(conceito do sinistro segundo Schellinge Freud). Presumimos obscuramentepossuir no fundo de nós mesmosimagens semelhantes. Exemplos destetipo são os desenhos evocadores defiguras místicas que acreditávamos superadasou os que representam desdobramentosda personalidade, reveladoresde épocas psíquicas primitivas, nasquais o ego ainda não se havianitidamente delimitado em relação aomundo exterior. Se certas figurasangustiam, a beleza de outras formasfascina. Ressaltam estruturas concêntricas,círculos ou anéis mágicos, denominadosem sânscrito mandalas, imagensprimordias da totalidade psíquica.Místicos, hindus e chineses utilizammãndalas de rico valor artístico comoinstrumento de contemplação. Imagensde idêntica configuração surgem nasmind pictures de jovens e sadiasinglesas, que as vêm de olhos fechados.

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