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VAN GOGH ASSASSINADO! NA LOUCA 29 ANOS NUM ENLOUOUECEU? MÃTA! SEXO

van gogh assassinado! - Memórias Reveladas

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PACIENTEAPARECIDOReuniu-se a polícia, a soldadesca, ebotou-se em marcha para o arraial doProfeta. Santa Fé inteira ftíi para ajanela espiar o evento. Era primeiro deoutubro de quatro anos atrás. O poderdo Prdíeta ia ser destruído à força daforça.Enquanto isso, o Profeta rezava comos seus seguidores, no templo, e otemplo era sua casa, pequeno salãoquadrado, paredes baixas, dois janelõesque jogam um pouco de luz nasparedes de barro. O sol da terra quentede Rubinéia, terra paulista, para oslados de Mato Grosso, reflete-se noenorme crucifixo que traz no peito, enos santinhos de sua invenção.Por força de seus milagres, aliestavam quinze fiéis. Cantava-se, rezavam-sePais-Nossos, porque era à forçade oração que o Exército do Profeta —de fardas azuis e verdes copiadas dafarda que o Profeta vestiu quando erasoldado do capitão Pimpão — iria parao céu.E a terra, dizia o Profeta, estavacondenada à morte no Fogo Eterno.Era isto que ele, ruivo e barbudo,cabelos e barba pela barriga, dizia, osolhos parados, a mão fixa. Fogo quetudo devoraria, gente e terra, terra ebicho. Ai de quem não entrasse para oexército do Profeta, armado comoração e um rebenque.Até criar este exército, alguns mesesantes, Aparecidão era respeitado edesprezado como se respeita oudespreza um benzedor. Muitos o piocuravatn,fala-se em 200 pessoas por dia— embora a elite da cidade preferissetratá-lo como um louco ou um bobo:então iria Deus dar confiança a umbo iadeiro?Começa a correr que Aparecidão eseu bando preparavam uma passeatapor Rubinéia e até pela cidade maiorvizinha, Santa Fé do Sul, e que orebenque iria cantar em cima dosinfiéis.E a tudo isto somava-se a históriadas coisas que Aparecidão estava dizendo,e que cheiravam a pregaçãoilegal; coisas em torno da terra: "aterra não é propriedade de ninguém,pois foi deixada por Deus para que oshomens a tratassem e plantassem parasobreviver, e ninguém é dono dela". Etambém aos impostos: "Ninguém deve•pagar impostos porque o terreno épropriedade comum". E ainda à construçãoda barragem de Ilha Solteira:"não é certo impedir todo o percursodo rio . . . porque os homens nãopodem subir e descer livremente o rio,bem como os peixes que têm essedireito".IIQuando moço, Aparecido Galdinolutou nas tropas de certo CapitãoPimpão, no Paraná, célebre pela crueldade.Nestas histórias ele aparece comoo soldado Galdino, decidido no gatilho,impondo lei mais pelo fogo do quepela palavra. Aos 22 anos, vamosencontrá-lo em lombo de burro seguindopelo Mato Grosso e Goiás umadestinação de boiadeiro, por trilhasmínimas que se perdem nas matas,fugindo de onça, dormindo em árvore,comendo quando possível, e até, talvezexercendo o ofício de jagunço. Mas,por volta de 62, se dá o nascimento deProfeta, e começa a paixão e adesgraça de Aparecido Galdino Jachinto,por força dos mistérios tornadoAparecidão, o boiadeiro que sonhouchefiar um Exército Divino — e queterminou no pior dos hospícios.IIIComeçou a ficar ensimesmado, e abarba cresceu. Passava os dias em casa,e orava. E disse aos filhos que securasse certo cavalo, era sinal certo que4Deus lhe dera uma missão. Falavacoisas vagas em torno de urra Voz, etambém de uma Missão. A famílianada entendia, nem podia entender.Podemos imaginar o caboclo àfrente do cavalo, seus gostos, e o trotedo animal sarado. Ele não era maissimples peão, era o Predestinado.Fama que começa a correr botequins,se uns riem, outros arregalam osolhos. E lá começa a aparecer naquelaterra pobre uma romaria de peão eboiadeiro, empregadinhas, gente desenganadapelos médicos, atrás dos passesdo curador, e que achava que Deuspodia estar tanto na boca de umanalfabeto como eles, quanto na bocacheia de latim. A fama se espalha pormais léguas ainda, e até automóvelaparece no arraial do Profeta.IVMas, certo dia, a Voz que oencaminhara ao reino do Mistério lhediz que ele deveria formar um exército.... .. Porque o mundo ... o mundoterminaria antes do ano 2.000, aidaquele que não estivesse preparadopara receber o fogo eterno que tudodevoraria. Antes deste desfecho, oshomens se devorariam como lobos, emguerras civis, e uma guerra mundialirromperia entre as nações. No meio douniverso de luto e morte, o exército doboiadeiro Aparecidão esperaria o fim,orando. Rebenques carregariam apenaspara se defender das agressões, etambém dos demônios.VNaquele dia ... primeiro de outubro... esperava-se o Exército do Senhorno arraial do Profeta. Mas quemchega é a suada, a esbaforida polícia deSanta Fé. Dizem os policiais que oProfeta ergueu a mão e mandou osfiéis atacarem; dizem os fiéis que apolícia nada falou. Foi entrando,batendo, quebrando. Foi um corpo-a-corpode meia-hora dos vintepoliciais contra os quinze fiéis. Osderrotados foram levados num caminhãopara Estrela do Oeste. Os maisinfelizes foram montados como sefossem cavalos.Acusado de formar um exército, ede pregação ilegal, chegou à JustiçaMilitar. Não foi julgado, porque certospsiquiatras disseram que era um loucopor ouvir vozes. Por isso, está preso háquatro anos em um lugar que é piorque o Presídio de São Paulo, pior queo Juqueri (onde os pacientes ao menostêm uma amplidão de terra paracaminhar ou trabalhar): o ManicômioJudiciário.Os filhos que o visitam dizem queele continua calmo, porque a vida deum boiadeiro ensina paciência. Mas oboiadeiro que pregava o bem e ajustiça só sairá do Manicômio Judiciáriono dia que um homem — o seupsiquiatra —, sobre o qual não hánenhum controle possível, nem da lei,nem dos homens, nem de um possívelDeus — disser que ele está "bom". Istoé, que não ouve "vozes". Neste dia,então, talvez seja julgado — mas não épreferível o julgamento à prisão semjulgamento? O primeiro delegado queinvadiu o seu templo-casa está preso,por corrupção. O segundo delegado,Geraldo Antônio Galante Ferreira, chefeda operação final, morreu numdesastre de automóvel. O mesmo fimdo escrivão do processo, Eurico LuísCustódio. A dez minutos do lugar emque ficava o templo, hoje imerso naságuas da represa, existe uma estrada, enesta estrada existe uma árvore. Aárvore foi plantada pelo boiadeiro, quedisse aos seus filhos: "ela viverá maisdo que eu e vocês; todas as vezes quevocês passarem por esta estrada, averão, e se lembrarão de mim. Assimeu sempre viverei." (MF)

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