27.12.2013 Views

Democracy Today.indb - Universidade do Minho

Democracy Today.indb - Universidade do Minho

Democracy Today.indb - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

82<br />

DEMOCRACY TODAY<br />

trata-se “da razão pública de povos liberais livres e iguais debaten<strong>do</strong><br />

as suas relações mútuas como povos” [11] , cujo conteú<strong>do</strong> se revê nos oito<br />

princípios da Lei <strong>do</strong>s Povos [12] e não na família de princípios liberais de<br />

justiça de um regime democrática constitucional. Por outro la<strong>do</strong>, <strong>do</strong><br />

mesmo mo<strong>do</strong> que o ideal de razão pública leva o cidadão a questionar as<br />

práticas políticas da sua sociedade <strong>do</strong>méstica, leva-o a indignar-se ante<br />

qualquer prática que viole a razão pública <strong>do</strong>s povos livres e iguais.<br />

Uma vez elucidadas as noções de democracia constitucional como<br />

democracia deliberativa e de razão pública, centralizemo-nos na noção<br />

de “democracia global internacional”. Sob este intuito, recorrerei à<br />

autoridade de um <strong>do</strong>s seus mais acérrimos defensores, Kok-Chor Tan.<br />

Ao questionar-se sobre a possibilidade de rectificação <strong>do</strong> défice democrático<br />

- este constitui, a par das disparidades e assimetrias, um <strong>do</strong>s<br />

efeitos adversos da globalização sobre a democracia - Tan argumenta<br />

que a solução passa pela reconceptualização da democracia não tanto<br />

como ideal nacional quanto como um ideal global (Tan, 2008). Neste<br />

âmbito, emergem duas concepções: a cosmopolita e a internacional.<br />

Os democratas cosmopolitas propõem que a democracia seja tida<br />

primordialmente como ideal transnacional, aplica<strong>do</strong> directamente aos<br />

indivíduos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, toma<strong>do</strong> como um esquema social simples. Esta<br />

via assenta na ideia de que os indivíduos são cidadãos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e não<br />

apenas cidadãos <strong>do</strong> seu país, de que devem ser ti<strong>do</strong>s como membros<br />

participativos da comunidade global. Todavia, ao enjeitar a defesa<br />

de um “esta<strong>do</strong> mundial” restringe a ideia de “cidadão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>” ao<br />

<strong>do</strong>mínio moral, incorren<strong>do</strong> numa linguagem política excessivamente<br />

metafórica.<br />

À contraluz desta perspectiva, a via internacional concebe a<br />

democracia global como uma democracia entre os representantes<br />

das nações democráticas. Distintamente da democracia cosmopolita,<br />

pressupõe duas etapas - a primeira consiste na democratização das<br />

nações; a segunda, na democratização das instituições internacionais<br />

11<br />

“I distinguish between the public reason of liberal peoples and the public reason of liberal<br />

peoples and the public reason of the Society of the Peoples. The first is the public reason<br />

of equal citizens of <strong>do</strong>mestic society debating the constitutional essentials and matters of<br />

basic justice concerning their own government; the second is the public reason of free and<br />

equal liberal peoples debating their mutual relations as peoples”, in Rawls, 1999: 55.<br />

12<br />

Idem: 37.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!