27.12.2013 Views

Democracy Today.indb - Universidade do Minho

Democracy Today.indb - Universidade do Minho

Democracy Today.indb - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sociedade civil como parte da compreensão e da educação <strong>do</strong>s cidadãos<br />

antes de tomarem parte na vida política” [6] , reconhece a democracia<br />

constitucional como uma democracia deliberativa; no segun<strong>do</strong>, esbarran<strong>do</strong><br />

contra as fronteiras da realidade avança com a proposta de uma<br />

“democracia global” que, distintamente da cosmopolita, assenta na<br />

tendência expansiva da sociedade <strong>do</strong>s povos bem ordena<strong>do</strong>s, numa<br />

cooperação internacional que integra valores e práticas distintas das<br />

ocidentais e que fomenta o respeito pelos direitos humanos básicos.<br />

Comecemos por analisar a noção rawlsiana de “democracia deliberativa”.<br />

Caracteriza-se, tal como esclarece em “The Idea of Public<br />

Reason Revisited”, por três elementos essenciais - uma ideia de razão<br />

pública; um enquadramento institucional que determina a concretização<br />

<strong>do</strong>s corpos legislativos deliberativos; e pelo conhecimento e desejo<br />

<strong>do</strong>s cidadãos em prosseguirem a razão pública e concretizarem o seu<br />

ideal na sua conduta política (Rawls, 1997: 139) - que têm por implicações<br />

imediatas o financiamento público das eleições e o proporcionar<br />

de eventos públicos onde se debate seriamente sobre questões políticas<br />

fundamentais. A democracia deliberativa é exequível porque os<br />

cidadãos possuem as capacidades necessárias à sua participação no<br />

debate político, são pessoas racionais e razoáveis, e estão informa<strong>do</strong>s<br />

sobre os problemas mais prementes da sua sociedade. Por outro la<strong>do</strong>, é<br />

importante que a deliberação pública se imiscua <strong>do</strong>s interesses económicos<br />

e corporativistas, pois só assim se constitui como característica<br />

básica da democracia.<br />

Focalizemo-nos na ideia de razão pública, crucial à noção de que<br />

o debate público estimula a revisão da opinião política. Como assinala<strong>do</strong><br />

em Political Liberalism: “numa sociedade democrática a razão<br />

pública é a razão de iguais cidadãos que, como corpo colectivo, exercem<br />

um poder político e coercivo decisivo uns sobre os outros por<br />

intermédio da produção de legislação corrente e das emendas à sua<br />

constituição” [7] . Consequentemente, os seus limites coincidem com o<br />

79<br />

OS DESÍGNIOS DA<br />

DEMOCRACIA GLOBAL<br />

INTERNACIONAL NA UTOPIA<br />

REALISTA RAWLSIANA<br />

Maria João Cabrita<br />

6<br />

“(...) the grounds of constitutional democracy and the basis of its rights and duties need<br />

to be continually discussed in all the many associations of civil society as part of citizens’<br />

understanding and education prior to taking part in political life”, in Idem: 102.<br />

7<br />

“ (…) in a democratic society public reason is the reason of equal citizens who, as a collective<br />

body, exercise final political and coercive power over one another in enacting law<br />

and in amending their constitution”, in Rawls, 1993a: 214.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!