Erfolgreiche ePaper selbst erstellen
Machen Sie aus Ihren PDF Publikationen ein blätterbares Flipbook mit unserer einzigartigen Google optimierten e-Paper Software.
simbólica, não apenas interpretado como um
elemento visual que faz também parte da exposição,
ao ser selecionado um vinho sem rótulo,
direto do produtor. Simbologias implícitas
sempre, mas livres de interpretação.
Quem é vivo sempre aparece, diz a sabedoria
popular, acerca de um amigo que desejamos
ver, mas que por alguma razão, nos vai deixando
pendurados.
203
Pendurados ficam aqueles que esperam
por algo que não chega. Assim como os
esqueletos dançantes que nos fazem lembrar
algo que já vimos antes.
O “quem é morto ...” de Miguel
Carneiro remete para ele próprio, que há
muito não “aparecia” na cena artística com
uma exposição de pintura, mas também para
a consciência de que ao criar algo há um
universo referencial que transportamos, e
por isso nunca estamos sozinhos: trazemos
também os vivos e os mortos.
Através do interesse pela cultura popular
e pelos provérbios que se eternizam na
língua portuguesa, Carneiro pega altera os
sentidos das frases populares, utilizando-as
por vezes de forma politizada, fazendo sugerir
que se insere numa linha de crítica institucional,
de quem vive aqui e agora numa estrutura
socialmente envolvida. Mas isto de ser contemporâneo
tem muito que se diga, pois logo
a seguir tira-nos o tapete ao introduzir ele-