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de ser posta em prática através de tinta de esmalte,
um material utilizado por pintores amadores
- por ser mais barato, ou por ser a única
tinta que conhecem - e que não é obviamente
o caso de Carneiro.
Aluno de Eduardo Batarda - como qualquer
contemporâneo que tenha passado pelo
curso de pintura, como eu - o artista evoca o
professor nos seus trabalhos de ilustração, citando-o
como homenagem, usando a ironia e
o sarcasmo nessa mesma medida. Desde os
anos da academia em que imprimia serigrafias
para realizar fanzines e livros de artista 1
até a fundação da Oficina Arara, o “estilo” de
Miguel Carneiro esteve sempre associado à
linguagem da ilustração. Achava eu. Até agora.
Se olharmos com atenção para estas séries
de pinturas, vemos que o que se mantém é o
carácter narrativo das ilustrações, mas agora
sobre tela, pladur ou MDF.
Nesta exposição que enche o Espaço
Mira de uma forma original, Miguel Carneiro
aproxima-se de um tema global como a morte
através da simbologia da sua representação,
literal e metaforicamente. A travessia para a
morte, a barca que nos transporta, os animais
condenados ou sagrados, brindados com o
vinho que representa o sangue de Cristo: um
conjunto de elementos que podemos retirar
dos livros da Bíblia, do velho testamento muito
provavelmente, onde a história da vida de Cristo
nos era contada de uma forma mais crua,
mais direta. Este vinho é utilizado de forma
[vistas parciais]
200
1
A título de exemplo, ver exposição realizada em Serralves acerca de publicações de autor:
serralves.pt/ciclo-serralves/1903-biblioteca-na-biblioteca/, consultada a 19 junho 2022;