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Na exposição, e em vizinhança da AAPA,
encontramos uma evocação à cidade que não
sabe quem é, através da pintura de João do
Vale, numa espécie de paisagem reflexo de pulsão
natural - mas organizada através de uma
estrutura demasiado urbana. Encontramos o
Álvaro Lapa ali, na sua matéria, na espessura da
tela quase caixa, na paleta cromática escolhida
por João, na sua narratividade sem palavra, mas
com tanto para dizer.
Com a pintura em grande escala de Maria
Paz, viajamos até uma referência ao corpo
feminino, assumida através de cores vibrantes,
que facilmente poderíamos confundir com
o brando estado de receber flores - mas estas
viram-se contra o masculino, o arquétipo opressor,
libertando-se perante um mundo que é e
será das mulheres e dos seres híbridos onde o
futuro nos prevê fazer chegar.
Ainda numa fase inicial da nave central
da galeria, conseguimos vislumbrar um desenho
no chão, resultado da luz e sombra da obra
de Mariana Barrote, realizada através do corte
(físico e gestual) de uma superfície estável, com
um lado positivo e negativo, ou melhor um lado
preto e um lado branco. Através deste objeto, a
artista constrói uma metáfora crítica, onde o público
se perde com a beleza dos desenhos (na
vertical e na horizontal), com a pintura expandida
que transcende a peça em si, mas segue
uma necessidade narrativa de esconder as coisas
menos bonitas no meio da história, fazendo
lembrar as pinturas da Paula Rego, onde as
fábulas revelam personagens deformadas, alteradas
perante as suas depravações. Se olhar-
JOÃO DO VALE
We Are The Lost, 2016
Necrópole, 2017
MARIA PAZ
Mátria, II, 2021
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